Intensamente

Neste primaveril entardecer

Um intenso sabor de vida paira

Apega e desnuda todo o meu ser

E perante ti, me ergo, vida infinda

Que de fugaz tempo me eterniza

E incessantemente te procuro em cada esquina,

Breve amanhecer de incessante penumbra

Que delicadamente me abraça e recolhe

Para de mim sua alma toldar,

Breves momentos de sublime glória

Que em mim acalenta e desbrava

Perdidos sonhos que em fulgor renascem

E intensas emoções me desdenham,

Momentos

Um incerto e vago caminho

Que no meu horizonte, me seduz

Poema carne, alma perdidamente

Caos intenso de amarguras presente

E a minha alma ansiando

Pela vida caótica que me devora

E o anseio por a viver e sentindo

Nas entranhas bem dentro do meu ser

No profundo de mim, onde impera a dor

A tua voz delicadamente penetra,

E ancorando o meu ser no teu ventre

De profundos abismos que me deslumbram

E a ti me apegam, e perdidamente anseio

A vida em mim renasce e vibra

Impiedosa esperança

Sempre esta insana insatisfação, brotando do meu ser

Porquê voar se posso andar, desenha a minha alma

E os céus por mim reclamam,

Os meus pesados passos mastigam a terra que piso

E de dor pintalgam esta estrada,

Percorrida sem pudor, de nunca me encontrar

Tendo em mim a vida acalentado,

Num profundo grito me abraçando

E teimosamente as minhas asas reclamam

Esfumando de ansiedade,

Querem partir para em mim me buscar

E sempre à espera de me encontrar.

Cândida Lua

Esplendorosamente brilhas no céu que anseio

Seduzes-me com sonhos de cores mil

Os teus raios intensamente me fascinam

E contigo o meu olhar se prende.

Lá no alto de mim pairas solene

E o brilho do teu ser, delicadamente me ofusca

Feiticeira de nublada e inquietante tez

Inundas-me de telúricos encantos

Eternamente desejando o teu rosto tocar

E em ti a minha alma desfrutar.

Inatingível, singelamente me transtornas

E as minhas vísceras por ti desesperadamente reclamam

Para Helena Kolody

Para Helena Kolody

Paz senti quando seus poemas li
Versos moldados na Sabedoria
Era a busca da Essência que movia
Poeta Teóloga Kolody.
Que a educação foi sua missão eu vi.
Meus parabéns pelo poema Prece
Ganhou o Imprimatur. O poema tece
Oração que um suicídio impediu.
Este feito merece aplausos mil
E quem ler seus poemas não lhe esquece.

O BREJO

É um brejo

Ou só um brejo,

Mas não deixa de ser um brejo,

Um brejo que me parou.

Vejo a lagoinha acima refletindo a paisagem,

O sol, o céu de poucas nuvens, uns insetos,

Uns bichos estão em algazarra.

Dali para baixo,

No barro ressequido,

As pegadas de vacas,

De bois — do retireiro

— fazem um trilho para o nada.

Suspeito que eu, ali, — no brejo — já tenha passado.

Mas não lembro,

Ou não entendo,

Ou tenha ficado,

Naquele brejo.

Ou só naquele brejo.

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