a penumbra ascética
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 30 January 2024o juízo irrompeu dos meus temores antigos; das irradiações de calor provindas do meu fôlego juvenil; dos constrangimentos impostos à minha índole prematura.
o juízo irrompeu dos meus temores antigos; das irradiações de calor provindas do meu fôlego juvenil; dos constrangimentos impostos à minha índole prematura.
Deixa eu consultar o jornal da saudade
ter notícias da minha infância particular
sangria desatada, louca
versando verdades no porão
o cansaço me torna farrapo humano
um vegetal no mundo cão
Mas não quero encerrar o ciclo
de amor em nenhuma direção
porque o frio do dinheiro
é mais poderoso que um abraço?
porque está a revelia a dor no coração?
Qualquer mão é ação necessária
na didática que eu preciso entender
mas a prática sensata e básica
é a que busco em meu peito ceder
por vezes sou sarcástico para reprimir aqueles que exacerbam as minhas turbações; aqueles que transformam os meus sonhos em pesadelos convulsivos; aqueles que são insensíveis à minha dor.
lembro a têmpera dos homens antigos e os palcos truculentos onde se moveram; as suas batalhas épicas para submeteram os outros reinados; os recantos divinos onde purificavam as suas consciências.
os destemperados horizontes relevam quando interferem na consciência das pessoas: nos monturos que elas promovem para aumentarem a sua relevância; nos fardos que elas colocam na orla da sua existência.
apresto-me a criticar os sentidos do mundo e a rudeza que eles incluem; as suas obsoletas estruturas que suportam uma natureza trivial; as suas atmosferas pardacentas que impedem uma verdadeira evolução.
retroajo aos meus provimentos amorosos para desfraldar as suas tragicomédias; para suprimir os seus assaltos ao meu coração; para transformar as suas feridas profundas em benesses poéticas.