Envelhecer

Envelhecer…

 

As rugas surgiram sem darmos conta

Dia após dia pelos caminhos da vida

Os cabelos negros agora grisalhos

São a marca de uma vida repleta

De canseiras e trabalhos

Nosso rosto teima esconder-se

Envelhecemos. Dura realidade!

O tempo não pára, ele voa…

É náufrago duma saudade

Ai como voa o tempo!

Nossos filhos, estão tão distantes

Nossa vida se escoa

Céu da liberdade

Céu da liberdade

 

Ó céu da liberdade,

Se tu e a terra se encontrarem

E se o sol e a lua se abraçarem

O mundo ficará livre de dor

E no universo reinará o amor

Haverá festa no mar

E nos jardins flores de encantar

Os pássaros voarão livres

E entoarão hinos com o seu chilrear

Ó Céu da liberdade

Leva a chuva e traz o vento

Para as nuvens afastar

Cobre o solo de esperança

E escutareis cantar as ninfas do mar

Abre-se a terra em sons e cores

A boneca

A boneca

 

Que linda foi a surpresa

Naquela noite de Natal

O pinheiro iluminado

Com estrelinhas e bolinhas

E o presente habitual

Estava ela na caixinha

Escondidinha entre laços

E papel sacramental

Abria e fechava os olhinhos

Bebia leitinho e fazia xixi

Esta boneca era fenomenal

Foi meu último brinquedo

Que eu trouxe para Portugal

Em meus braços a protegi

Para ninguém a levar

Cansadinha que estava

Adormeci e não a vi ao acordar

Quando me sinto poeta

Quando me sinto poeta

 

Bordo versos com sentimentos meus

Disfarçada de escuridão, descubro a paixão

Renasço a cada aurora

Sou poeta que ri

Sou poeta que chora

Toco o azul do céu

Cubro a vida com um véu

Alcanço estrelas sem fim

E teço-as a marfim

Sinto o meu coração a mil

Será que estou a ficar senil?

Ohhh mesmo assim…

Sinto-me linda e maravilhosa

Até a noite está mais luminosa

E a lua mais formosa

Sou feita de pequenos nadas

Essa eterna melodia

Essa eterna melodia…

 

Melodia

Que escuto ao luar

Cobrindo-me de nostalgia

Canto sem voz

Que me faz sonhar…

Num recanto de noite gelada

Deixo-me dormir.

Enrolada na aurora

Acordo sobre o orvalho

Que me refresca a alma

Alguém continua a tocar

Aquela música calma

Mas tropeço nessa melodia

Nos acordes de uma “guitarra”

Que ficou esquecida

Suave melodia

Que se levanta e ergue como um muro

Dando-me ânimo ao romper do dia

Noite estrelada

Noite estrelada

 

Olhei o Céu

Desde a minha janela

Mas que lindo que estava

Perfumado de estrelas

Uma delas com um brilho especial

Quanto mais a observava

Mais ela se distanciava

Então resolvi falar-lhe

E ela voltou cintilante

Falei-lhe dos meus sentimentos

E seu brilho expandiu-se às outras estrelas

Meu coração batia cada vez mais forte

Penso que me escutava em silêncio

E me levava para outra dimensão

Onde te podia sentir

Falei-lhe da minha saudade

Noite de luar

Noite de luar

 

Noite de luz prateada

Noite bonita romântica

Noite encantada

Trocam-se beijos

Às escondidas

Há ausência de vento

Ao anoitecer

Estrelas brilham

No firmamento

Testemunhas e confidentes

Abraçam a noite

Vestida de prata

Cintilantes e atraentes

Noite de luar

Noite de lua tão bela

Que convida a namorar

Há sonhos no nosso olhar

E a noite não morre

E tão pouco a sede de amar

Nesta noite de luar!

Namorar

Namorar…

 

Namorar é a forma mais bonita de viver um amor

É cuidar do ser amado e ser cuidado por ele

Namorar é andar abraçados a passear

É ter arrepios, murmúrios, sudações

É ter alguém para dar e receber carinho

Namorar é juntar duas atrações

É uma música marcada na memória

É ter um coração de porta semifluida

É um estado de alma que faz história

É ter uma visão generosa da vida

Namorar é sentir no coração o mesmo palpitar

É sentir aquele cheirinho de perfume

Jardim encantado

Jardim encantado

 

Divago pela natureza

O eco estremecido da voz da poesia

Entoa por entre as cores do arco-íris

Caminho para o jardim encantado

Onde as flores são mais risonhas

Uma guitarra toca uma saudade desmedida

É lá que jazz meu coração

Num estado de alma inquieta

Entre cansaços e lamentos

A beleza de um sonho

Está agora envolta em névoa

Em mim a infância sobrevive

Num mar mudo de águas revoltas

A brisa estremece

No sossego azul do meu céu

Escreve-me

 Escreve-me

 

Quisera eu transformar-me em vento

Chegar como brisa fresca

À ponta dos teus dedos

Desfolhar os livros teus

Beijar tuas poesias

Com o sabor dos beijos meus

Mas eu não sou vento

Sou apenas pensamento

De ternura que o mundo me deu

Quando meus olhos leem tuas páginas

Encantam-se com a letra dos teus versos

Meu espírito cresce

E o amor em mim se fortalece

Procuro-te oculta no horizonte

Mas já me creio esquecida

Na água daquela fonte

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