Dizer

          Nossos olhos se encontram

           Alegria imensa

         Queria tanto te dizer

        Nada é presciso

       Apenas segure minha mão!

 

 Nereide

O teu olhar

É grande o teu olhar, não tem fim!

O teu olhar tudo invade e tudo assalta, tudo toca e tudo faz nascer, depois, tudo fica para sempre!

Não me lembro da tua casa, nem da minha cama… Mas reconheço o teu olhar dentro de mim e posso desenhá-lo em todas as praias com as minhas mãos.

Através dele vejo todos os gestos e oiço todos os sons. Com ele sinto sem parar e agarro todas as memórias perdidas no tempo.

mudança

por vezes sentimos ser necessária,

uma mudança,

até uma metamorfose,

mas quedamo-nos lentamente,

de uma forma sumária,

sem qualquer esperança,

parece uma overdose,

sentimos a pele dormente.

mas então escrevemos nossa aria

já cheia de pujança,

como se uma outra vida fosse,

e já não somos gente!

REGATOS SINUOSOS

os teoremas têm o benigno objetivo de solucionar corrosivas desventuras.

 

invento palavras intrépidas contra o desconsolo da indiferença.

 

capturei as nódoas do sustento e o aparato habilidoso da representação.

 

os lampejos fátuos dos homens que revivificam a nostalgia.

 

emerge um corpo desnudado sobre as ondas fictícias que o pensamento elaborou.

 

 

Nas horas boas e nas horas más...

A hora do dia que mais gosto, é a hora do dia em que o dia é bom.

A hora do dia que menos gosto, é a hora do dia em que o dia bom já passou.

E entre as horas boas que foram

e as outras horas que hão-de vir

todos os dias são o que são,

muitas vezes vazios e inquietos

outras vezes sofregamente desejosos

pelas horas boas que ainda nos faltam sentir.

E se às vezes aceitamos o incerto pelo certo,

é só porque o certo sem o incerto,

é a ausência da certeza que faz do certo,

simplesmente certo.

os fundamentos da alma

há trombas d´água investindo nas tubagens adjacentes aos caminhos abandonados onde as palavras resultam dum ócio glorificado quando as pautas chilram cantigas e o vento as leva para as serranias da agudeza.

 

há discórdia sobre todos os pontos duma matéria bolorenta que cruza os semáforos da cidade para se afundar no rio da comiseração quando a imperícia se desvia para reflexões que traumatizam os que procuram resistir aos tormentos.

 

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