Noite
Autor: Pedro Ferreira on Friday, 10 November 2023Noite que chegas
Deixa-me ficar contigo
E abraça-me no teu colo
Vamos jogar às escondidas
Tu és o melhor abrigo
Das memórias proibidas
Noite que chegas
Deixa-me ficar contigo
E abraça-me no teu colo
Vamos jogar às escondidas
Tu és o melhor abrigo
Das memórias proibidas
a pátria jaz na cave dos nossos desencantos e reinventa-se a todo o momento: nas guerrilhas torpes que patenteia; nos destroços das suas aventuras naufragadas; no seu desregrado presente por causa das nossas turvas atuações.
Salafrários
efeito, pirata caolho
tantas falas
a morte não eleita
atalha
a fala , a vida, a vila
dos sonhos felizes infantis
Qual salário ?
o preço que cessa a negociação
que enche de poder a mão
que enche de poder os dedos
oh meu Deus!
qual prazer povoa o coração
desta gente?
Por favor, mas um trago
pra ver sensivelmente meu despertar
a letargia agoniada em mim
mas empatia pra valer em meus cerebelos
que se use também por ai
nos que se dizem companheiros
a minha existência foi transviada por múltiplos constrangimentos: a minha sensibilidade percorreu caminhos barrentos para tombar no centro de conflitos dolorosos; as minhas emoções foram colhidas por insucessos prematuros.
há quem permaneça nos antípodas duma vida descansada se ignora a miséria dos outros; se o seu orgulho atinge o requinte entre as muralhas do isolamento; se culpa a má sorte pela sua intrínseca turbulência.
podem tilintar as mágoas que eu as expulsarei para a vala dos afetos inconsistentes; para o lugar onde se misturam os abusos com os falsos sentidos da palavra ternura; para o frondoso arvoredo onde suspendo o rancor.