Nereide
Autor: Nereide on Thursday, 21 April 2016Nereide
Nereide
Poema que encerra o epílogo do livro de ficção “OS PROFANOS DO TEMPO”
Rompi com o sonho impercetível e murmurado,
colocando apressadas palavras no relógio da vida.
Trepo ao céu, agarrado às letras e ao vento,
flutuando no espaço ao sabor da corrente.
Esperança ardente, sonho fugaz determinado,
ávido dos silêncios que a noite provida.
Em louca espiral da pressa! Isole-me no advento
que projeta todos os meus erros na minha mente….
Vejo um tanto de passado como se fosse hoje.
E o tempo carrega lembranças,
em memória daquilo que vivemos.
Teu semblante é fantasma acorrentado a alma.
Que não acalma se o dia dorme
E nem se afasta quando chega o amanhã.
Sigo aqui, escravo de ti,
Triste.
Amarrado ao tronco
E a saudade é açoite que castiga a alma.
Sou um pacote abandonado a árvore.
O tempo mora na alma
de quem aborda a vida
na sua forma calma,
na sua essência contida.
O desejo rouba ao tempo
a dança oculta do querer.
As convicções são contratempo,
espectros que se negam ver.
Dispersam-se na alma os receios
de quem agora na vida
dispensa os ambíguos rodeios.
Talvez seja apenas o desapego
de uma conformidade perdida,
de um desdenhar do sossego.
Reflexão profunda...