Descanso no Outono

O silêncio tomou-me por horas.

E coloquei a ponta dos pés na água morna.

Assim demorei.

Aos poucos, o ritmo da monotonia foi criando passos,

Usando os meus,

Em direção qualquer.

 

Por horas estive sonhando,

Um sonho tão profundo,

Que apenas lúcido conseguiria vislumbrar.

Em meu sonho, algo sussurrava

Um mistério tão profundo

À deriva

Abeiro-me deste pensamento
 
recém chegado
 
inundando o tempo de espera
 
ainda te tateava o ser rodeado
 
de oceânicas quimeras
 
gotejando a cada Índico naufrágio
 
no silêncio Pacífico desta espera
 
inescusável
 
contornando o litoral Atlântico
 
onde viajo contemplando
 
cada maresia que teu ser
 

Primavera

Hoje sonhei com uma quimera.

As cores da morte são nuas como minha alma.

O som que ecoa só pode ser sentido em minha pele.

Todos os olhares condolentes me matam junto com quem se foi.

 

Eu preciso de um lugar para me ajoelhar.

Eu quero voltar a ser pequeno,

Tão quanto as flores ao redor do seu túmulo.

Eu tenho medo do meu nome.

O vento sussurra nomes estranhos

Silêncios vespertinos

Medra o rumor das águas
 
enquanto por ti caminho
 
vespertino
 
diluindo as escuridões do mundo
 
rompendo pela alva
 
tão copiosamente
 
revelando-te os segredos
 
num punhado de versos inacabados
 
 
Conciliei minhas orações
 
repetindo-te a existência inédita
 
dos nossos seres religiosamente
 

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