Sol

O sol queima toda a minha cabeça,
esquentando meu cérebro cansado
peço pro sol que não se resplandeça,
peço que esfrie o pensar fatigado.

Com o seu brilho, me escureço todo,
eu gosto das estrelas do céu azul,
a tarde às cinco bate num soco,
então o sol sai do ringue, e vai pro sul.  

Por Themis

"Je respecte mon Dieu, mais j’aime l’univers."
VOLTAIRE "Poème sur le Désastre de Lisbonne", 1756

No "dilema de Eutífron" (1), Naos (2) motriz,
Tollitur quaestio: um quírie jaz na pira (3)
Em melania. Lucífero, disfira
O Apolo imo supérstite. Que um lis

Não factora a ucronia generatriz
Porquanto lhe utra-existe, prava, a espira,
Se adredemente. Prístina, desfira
Cognoscitiva. E lácera na altriz (4).

Sem amor

Sem ter fim o amor sucede,
ri pra mim na dor e prece:
quero a ti enfim em breve,
pois sem amor me enfraquece.
Vou com dor nas avenidas,
se no asfalto esfarelo,
nas pedras que me pisas
sustento história de Otelo;
De Homero ou de Machado,
de vitória ou de fracasso:
sem amor tô sem espaço.   

Inspiração

Busco um pouco de inspiração,
Aguardo na passagem das horas
Um pouco de linhas, de trovas.

A canção do silêncio canta alto,
Dialoga no desespero do nada:
A melodia do vazio passa, e mata.

Num reflexo dos meus livros
As páginas propõem a pensar,
Tudo inspira, tudo pro verso cantar.

Pages