Poema branco

Eu vivo num constante azedume
Onde o amor não me consome,
Aqui, sozinho preso no cume,
Aqui, a tristeza que não some.
A monocromia me descende,
No preto e branco postergo,
Sem cor nem luz que acende
Uma vida boa no meu termo.
Sou retrato sem o reflexo,
Notas de versos em branco,
Quem me vê fica perplexo
Lendo o poema jamais brando.

Vida redesenhada

Chuvas de jujubas coloridas
para alegrar a vida de um planeta infantil
sonhos açucarados para acalmar tempestades hostis
bombas de chocolate, são anestésicos
curativo aos males do mundo adulto
suspiro branco , anjo bom a proteger toda infância
suspiro rosa, para não sair das lembranças
paredes de wafer, não protegem a invasão
as cercanias açucaradas
não há exército infantil que resista
ao mousse de chocolate ao cair da tarde.

PASTOREIO

 

 

 

 

vários indícios da rua

 

constroem lãs e lampejos

 

crenças e bocejos

 

no vapor do amanhecer

 

porém

 

só me atento às matizes

 

de seus arquétipos

 

e aos sorrisos infantis

 

que pastoreiam cisnes herméticos

 

e ovelhas gentis:

 

anomalia silenciosa

 

que se enreda em indagações

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ator

Atuo escrevendo repetições,
de ideias, filosofias, sanções.
Antagonista da sinceridade,
vivo no mundo de máscaras,
ninguém nunca me viu;
e se viu, nunca me tocou.
Talvez tocado risadas,
talvez chorado na verdade,
olhou meus olhos e viu:
partiu pra outra retina.
Cegou-se de expectativa,
saiu do palco decepcionada,
eu: “mais uma sala lotada”.
Perdi-me no personagem,
sou depravado, sou poeta,

Meu querer

Quero beijar o sinônimo do teu tempo
tuas prendas para alfabetizarem meus dias
tua valentia vem me acariciar
você e a diversificação
uma feira de emoções
gostos e cores fazem parte da sua moldura
que evolui em mim
e desperta chuva doce e cortesã
você é o único paraíso desse mundo
sinfonia espetacular
no lar silencioso
Quero ser parte da sua paz
de bem caminhar com os teus passos
queria ser um poeta com menos desgostos na vida
e que tem prazer na partícula de vida

EXPRESSÕES EXPRESSAS

 

 

 

1-

não haveria o que falar

se as palavras fossem somente ditas

não, expressadas

 

2-

não haveria o que pensar

se a metafísica ocultasse

todas as interpretações possíveis

 

3-

não haveria a quem amar

se o amor renunciasse a seu intento

como um exilado voluntário

 

4-

não haveria o que sonhar

se o sonho contivesse sempre

um mesmo único sentido

 

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