ESPERA

O amor saiu da lista de espera
depois de tantas luas e penumbras no sorriso
o amor e sua eficácia veio ensolarar!
pois nem trevas impedem sua santidade
o amor estava desacordado
mas espera , que a vida é bela!
e o amor vai a ti chegar .

Herói

Imagina ter superpoderes,
Voar, sumir e transcender,
Delegar aos ímpios seres
Moral, decência a se ter.

Imagina ser um arquétipo,
Ser um símbolo universal,
Ser um motivo ético,
Para lá de transversal.

Queria ver um super-herói,
Também um vilão maligno,
Um motivo que corrói
O doutor do hospício clínico.

O meu Pastor

Lá vai o Pastor rodeado por uma bailado de ávidos balidos silenciosos
Aquieta a paz caminhando entre pestanejantes clamores tão ansiosos
Apascenta a ladeira do tempo que além desliza sereno virtual e gracioso
 
Lá vai o Pastor adormecido no doce lacrimejar de uma palavra glamorosa

TÚNEL VESGO

 

 

 

estava em busca

dos ferrolhos rompidos

no túnel vesgo

que não conduz à saídas

 

estava no invólucro

de um caramujo rasteiro

como a larva no casulo

rompendo a casca madura

 

estava coletando letras

para cunhar palavras urgentes

um sussurro qualquer inaudito

que me valesse o batente

 

estava meneando lustres

como aleluias possessas

no afã de capturar

seu lúmen e calor confessos

 

 

 

 

 

 

Reverso

...e no Instagram uns quantos novos seguidores, de nomes chistosos e sem postagem alguma. Rio-me tanto, quem um dia perguntou arrogante: - "será que eu tenho pivete? Ninguém pode gostar de mim, só tu?"
Na altura, desamparada e subtraída, pensava ter perdido alguma coisa e só soube chorar...
...hoje, beltrano suus' perdidi, pobre ser... conta-se por aí, em paleios de circunstância, quase em crueldade, com sorrisos escancarados, que anda mesmo um traste, fantasiado de parvas alegrias, sob tecidos exuberantes, o tão famoso hálito ofídico e olhos postos no vazio.

Minha alma é feia

Queria falar sobre belas coisas,
mas a minha voz grita na feiura,
canta e diz com uma forte gastura:
morro na mudez das vidas afoitas?

Reencarnarei afundado na miséria,
sinto angústias de vidas de outrora,
barqueiro da água negra à fora?
Quiçá Poseidon da seca matéria?

Martirizado e Jó vai de alicerce,
ensina-me, sofredor de tristeza,
ensina o ensaísta duma torpeza
a brilhar na escuridão que me enferme.

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