"E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto..."
João 1:51

apartei-me do mundanismo para conter as minhas atuações insalubres; para refletir sobre os desaires que sofri quando palmilhei os ramais da fantasia; para elaborar os poemas frenéticos que qualificam a minha solidão.

As emoções básicas são elementos.
A raiva finda secando o coração,
enrijece e aquece tormentos.

Diferente da tristeza que enxarca
rios de interna decepção,
melancoliza a noite e tarda.

Já a alegria resplandece o agito,
oposta ao medo de se crescer,
inversamente, sente o suspiro,
treme e apequena o ser.

Medo e surpresa são parecidos:
um teme o estrondo, o outro
se choca nos raios fortíssimos.

busco alguns pensamentos dos homens para fotografar o caos que eles prolongam para além do suportável; que eles transformam em meros chilreios infantis; que eles esfraldam no tablado da sua hipocrisia; que eles repercutem nas suas teorias exangues.

sem hoje

não há postergar:

haverá ontem no mais tardar?

sem agora

não há o que falar:

somente o rigor das horas...

caberá desta feita

um aclame?

ou render-se ao rumor dos ventos?

que prevaleça então

o repúdio

a todo mal que ofusca a razão...

existem muitas metáforas por compor quando revogo as minhas brigas para desdizer os momentos turbulentos que suplantei: quando introduzo a clarividência nas estaladas que sofri para me poder analisar.

a vida perturba quando gruda nas almas o selo da hipocrisia; quando robustece o domínio daqueles que sufocam a benignidade; quando abriga os trâmites perversos que geram a solidão.