"EU e TU"

És tesctura da minha costa
És levez da sua atmosfera
És o seu aroma
És a sua abrasadora ferve
És dela e da minha suscetibilidade
És o meu sorriso ao estar lá

O que sou?
Sou casmurro nos comportamentos
Sou o que deveria ser
Só vinda a suposta reincarnação
Serei o que queria ser
Só espero até então morrer

Estes Caminhos...

Por estes caminhos
 
sigo o dia inteiro
 
aguerrido expurgando de vida
 
meu desânimo escondido entre
 
tantos lamentos consumidos
 
sem tréguas em demasia
 
 
Por estes caminhos
 
sigo colhendo toda
 
surpresa inusitada
 
concedida e cuidada
 
neste edifício onde reerguemos
 

Indo nos ventos...

– Indo nos ventos
 
recolho furtivo teus incertos
 
beijos mesmo ali à beirinha
 
onde me deixaste proscrito
 
na rota apetecível dos sorrisos
 
despidos em escadaria
 
em travessias
 
pelo tempo que resta
 
onde por fim me liberto
 
e o mar
 
regurgitando minha poesia
 

Ela e a sombra

 
 
A figura no espelho, nebulosa,
Sombra leve, imensamente sombria
Carregando ilusão, nervosa,
Farta de se ver assim; sombra fria.
 
Ela sabia que se via apenas no passado...
Os olhos iludidos, no espelho mergulhando
Recresciam num olhar alucinado
Na sombra triste que ria soluçando.
 
Ela e a sombra estendiam os braços,
Tentavam tocar as pontas dos dedos
Mas na diferença do tempo, cresciam espaços,
Espaços negros cobertos de segredos.
 
O olhar crescia em direcção ao espelho
Tentando ver o presente na imagem fria
Mas o reflexo trazia aquele olhar velho
Da sombra do nada, que nada dizia.
 
Num instante, ela decidiu renascer
E vida à sombra foi concedida;
Aquele olhar velho passou a ver...
Passou a viver, a sombra abatida.
 
Fernanda R. Mesquita
 
 

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