Recado em prosa

No prolongamento do julgamento social perdemos a capacidade de falar para dentro. Treinam-nos, ao longo da vida para um papel. Vamos criando paredes limite de decisão, construídas com blocos de regras e condições impostas naturalmente, como se do outro lado fosse fora de jogo.

Inconscientemente limitamos as nossas capacidades, semivivemos, porque o objeto final é amadurecer estereotipados, conforme o sitio onde vivemos e nos relacionamos.

Noite sem luar

Noite sem luar

 

Noite ! Abeirou-se solenemente

Trazida pela mão da escuridão.

Pousou a negritude firmemente,

Trazendo a tristeza da <Paixão >.

 

Aninhou-se sobre a terra, inclemente,

Lançando um negro véu de opressão !

Sob o silêncio ermo , inocente,

Se esconde desamor e solidão !

 

Nem astros...nem luz...a riscar o espaço

Mergulhados nesse manto de breu,

Manto sombrio que engoliu o céu !

 

Noite cega, sem luar ,negro intenso !

 Lugubridade que a terra cobriu

Sede de viver

Sede de viver
 
Quantas solidões teremos que sofrer 
e depois sair de mãos dadas 
com a esperança infinita
por cumprir na íntegra,
motivada e rendida 
nesta plenitude de tempo
que nos sacia e redime
qual sede de viver e amar;
assim percorro minha apatia erudita 
nesta imensa paisagem perfeita
encobrindo o delicado e esbelto verso meu
mil vezes repetido, 
tantas vezes ousado
à tua espreita

Guardador da chuva

Guardador da chuva...
 
Neste meu pequeno mundo
deixei-me de ser necessário
parti rumo ao país
das belezas surpreendentes
de onde sou oriundo
precário e sem antídotos
assim precinto
o tacto carente das palavras
obstinadas
tão difíceis e incoerentes
que se perdem gentilmente fecundas
na fímbria da infinita
exaustão em que me perdi
por mim e por tantos;

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