Por aqui...

Por aqui...
 
Por aqui onde as horas
passam tranquilamente
reverentes ao tédio que me assola
te envio servil todo eu
imperfeito que te espera
na noite desesperada
que esmorece do teu jeito
e anoitece ali onde se faz breu
 
Aqui onde o zénite do meio dia
mais aquece a penumbra
onde me escondo na afrodisia
dos beijos castos teus
rogo à minha fé uma esperança

Distúrbio

Perguntei-te três vezes o teu nome, 
Repetidamente, 
Sem dar-te espaço ou tempo para responder.
Nunca descobri o porquê da minha obsessão com o número três.
Talvez por este ser frequentemente associado ao equilibro,
Um paradoxo um tanto irónico, visto eu ser associado a tudo menos a isso.
Mas prontamente respondeste
E, por momentos, perdi a noção se estava ou não a constantemente mexer a minha perna.
Quando discutimos pela primeira vez,

Limbo

Não saber o que querer,
É como nadar no limbo da vontade, ou na falta dela,
Sem saber para onde ir.
Eu já não sei o que quero,
Quero querer alguém e já te quis a ti aqui.
Mas aqui já não se erguem muralhas,
Nem obstáculos que te impeçam de chegares até mim.
Querer-te aqui é viver diariamente numa luta com a ambiguidade, 
Porque se aqui estivesses, aqui seria perto demais 
Para alguém que tanto dano poderia provocar em mim,

A melodia que traz o Mar

Essa melodia que traz o Mar,
Nas suas ondas à terra de novo me levam,
E os Serafins que no Céu vivem, mas não sabem sonhar,
Para baixo o seu olhar viram e choram, 
Por serem cinzentos e não saberem nadar. 
 
Oh Mar, de ti proveio toda a vida
Mas na terra o teu sonho se perdeu
Desfaz esta página escrita em súplica e que não quis ser lida
E permite-me ser parte desse Império teu,
Onde reina a fantasia e habita a minha vida fugida. 
 

Se não houvesse Mar

Olho para a noite assim como para dentro de ti
Mas é tão difícil observar-te com clareza nesta ponta do oceano.
Julgo que se gritasse o teu nome, aqui, junto ao mar,
Aí chegaria um murmúrio levado pelas ondas do Atlântico
E não te aperceberias sequer da angústia que com ele foi carregada.
Entregar-te-ia tudo aquilo que de mim superasse as palavras que foram ditas,
Mas não foram recebidas como consolo
E esperaria que assim que a maré chegasse aí

Palavras Presas na Costa

Palavras refletidas, mas não ditas 
Perdem-se em oportunidades não aproveitadas,
A espontaneidade que não flutua...
Afunda-se no medo que prende a língua como uma âncora de ferro. 
Se ao menos na água se dissolvesse a vontade de te dizer o que encalhou, 
Vontade de dizer que ver o mar sozinho não me assusta quando o observas comigo,
Que, sentado ao teu lado, na alta escarpa não temo a altura de uma possível queda, 
Não teria que olhar esta paisagem com o corpo gélido e os olhos humedecidos.

O Dia e a Noite ; O Sol e a Lua

Corre o Dia e a Noite 
Num apresso habitual
De dois corpos alheios
Que se juntam sobre o Céu,
Sobre o Sol-poente e a Lua.
Em lados opostos da abóbada celeste
Observam a luz e a química
Dos dois corpos que num só se tornam
Por vontade de pedaços cósmicos divergentes,
Destinados à aristocracia de não tocar.

novo homem

A transformação do homem em binário
que se perdeu no percurso e não sentiu
Visava apenas o lucro da ganancia sem preço
partiu do zero para o um e juntou os dois
da perfeição procurada foi visionario
encontrou a morte para viver depois!

Mar ! Meu mar

             Mar ! Meu mar

 

Mar ! Meu mar ! Companheiro de horas vagas...

Confidente de anseios e saudade !

Cúmplice de alegrias e verdade

Submersas na espuma das tuas vagas !

 

Mar! Meu mar ! Com gaivotas sobre as fragas

Que voam a dançar, suavidade ,

Balouçando consigo a liberdade,

No sereno bater das suas asas !

 

Mar ! Meu mar ! Vou olhar-te e repousar

Das lides...das lutas que a vida traz

Porque ouvir teu rugir, já sinto paz !

 

Mar ! Meu mar ! Azul e imenso mar !

Pages