Lugar medonho

Por momentos deixo de respirar

É no teu silêncio que me perco

Sei que não estou bem sozinho

E é no teu sorriso que desperto

Pois tanto que mudou

É sobre a tua falta que me imagino

Sei que nada foi em vão

Desde o passeio pelo mar

Até ao beijo que nos juntou

Ainda sinto o teu toque na minha mão

O suspiro pelos cantos do meu pescoço

Saibas o quanto me pesa o coração

Das vezes que o tive que puxar do fundo do poço

Nós é uma palavra que guardo com carinho

Onde o mundo parece ser um lugar medonho

TATO TREINADO

a palavra é um risco
um rabisco do hibisco
arisco e óbvio
lancinante desvio
da rota dos sentidos
para o mistério
que advém do todo concluído
(como proposta)
para a concessão do sim / não
-sinal dos tempos
em um jorro de contestações
inegavelmente irrevogaveis
mesmo que o aceno do oceano
seja tempestuosa desolação
salmoura saturada e blasfêmia
azia e nó na garganta do labirinto
que ficou denegrido nas temporas
do tato treinado
corado no sal
do ardor dos desejos

Germe

Das profundas amarguras o germe veio te buscar
Um parasita infernal que do lixo subiu ao seu altar.
Em palavras bonitas ele consegue te conquistar,
A beleza dele te fez estrangular
Qualquer resquício de sensatez.
Do sublime à mixaria, ele dilacerou sua mesquinhez:
Sua vida agora permanece no perene alívio,
Uma oração sem resposta, apenas seu suplício.

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