Imaginar

E se fizermos tudo o que queremos

Sem planos para que pensar

Buscar assim tudo que podemos

Nos grandes pequenos detalhes que podemos sonhar

E se esta magia fosse real

Demasiado leve para nos perdermos nela

Poder sem um estranho animal

Que aos olhos famintos fosse simplesmente bela

E se as estradas nos levassem ao paraíso

Àqueles que pelo caminho acabamos por perder

Eu podia ver novamente o meu sorriso

E abraçar aqueles que nunca vamos esquecer

E se a vida é realmente um mistério

Memórias

Em outrora éramos mais felizes
Tão felizes que riamos por nada
Guardamos na mente os deslizes
Os escorregadios da vida enfada

No fulcro empoeirado lá encontra
O apego que outrora houvera
Limpe-se de orgulho que se afronta
Das sujeiras que não te regenera

Tem medo da minha rejeição
No fundo se você ficasse
O aprendizado era a perfeição
Quem dera se eu te abdicasse

Suicídio

Deixo a carta para ninguém.
Enforquei-me com estrelas.
O ar imbuído de cinzas,
Das nuvens desce a corda
Perscrutando meu  braço.
O tecido da realidade rasga,
Francamente… recortado.
Membros bailando o vento:
A pictórica imagem do fim.
Os pássaros depenaram,
O horizonte agora estreito,
Meu voo já não é nu 
E a vida espremida ao peito.

Bom senso

Vomitarei as regras do bom senso
Na descarga das normas vigentes
Todos sabem o que é e como ser
Mas ninguém ensina a azia de ter;
A ideia paira no ar, é toda abstrata
Só que ao chegar o diferente
Todos se sufocam com sua ambiguidade
Se a intuição dela rege como devo agir
Por que as tonturas causadas por eles
Nauseiam os limites do meu ir e vir?
Pouco importa o que ensinam
Se as paredes da realidade quebram

LABUTA

 

 

 

semeio os cereais:

milho trigo e arroz

e faço eu mesmo a colheita

 

guardo tudo nos silos

depois enrolo os fardos

para vender

 

então descanso

-a terra precisa descansar

e eu também

 

por isso

espero a época certa

para recomeçar a labuta

 

semeio os cereais:

milho trigo e arroz

e não tenho tempo para amar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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