Protesto

Já todos vimos
Meninas e Meninos
A defender a liberdade
De armas na mão.
Diz-me tu, Sylvan
Horror maior o delas
Ou de quem viu?
Não poderia dizer
Se mais miupe a lente
Da cara ou coroa
Que de costas de frente
Juram a insanidade do seu reflexo
Que de costas de frente
Sofrem a violação espontânea 
Da Liberdade.
DE QUEM? Aliás, pergunto-lhe, 
PARA QUÊ?
Para que sintam na boca o amargo
De a perder?
Para que a tenham de convencer
Novamente

Ofício

No fundo
Desenho nas cinzas
O que elas falam para mim
Balbucio-lhes um mumúrio
De resistência efémera
Insuflada pela imortalidade
Fugaz
Se frui
O fumo que me oculta
A evidência de me ser
Sozinho
Calado
Insatisfeito
                 Sempre
Com tudo aquilo que ainda não
                 Sou
Arquiteto de poemas
Engenheiro do descontentamento
Mestre da solidão

Meus surtos diários

Surto por dentro todos os dias.
Sinto vontade de correr sem parar,
Mas as pernas atrofiaram.
Vejo a minha frente um bosque,
Sua relva é macia e o sol brilha,
Mas por algum motivo, lá chove.
Todo dia o céu perde uma nuvem.
A cada dia as gotas caem sozinhas,
Sem condicionantes para tal.
Estou inerte, molhado e apático,
Ninguém pode me ajudar
Todos têm o seu caminho, e
Eu tenho o meu.
A diferença é que meu caminho

VARIÂNCIA

 

 

 

o tom de meus poemas

varia

varia também seu timbre

seu mistério

seu hemisfério de campo vasto

 

varia seu formato

sua temática

seu estilo escolástico

varia sua textura

e sua estrutura verbal

 

o que neles é invariável

(e nunca morre)

é a sua intenção de ser

chama infindável

em silêncios sem lume

 

 

 

No pasto dos meus silêncios

No pasto dos meus silêncios renasce o dia frondoso e emancipado
No alfobre das palavras guardo cada centímetro de um sussurro enamorado
Em todos os vácuos do tempo meço a distância entre cada vazio aromatizado
 
No pasto dos silêncios alimenta-se a diabrura contida numa rima reconciliada

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