LÁ LONGE!
Lá longe no mato,
Os cães ladram no pulo do lobo.
Na árvore da curva do caminho
O mocho solta o pio!
Medo, arrepio,
Sonho interrompido,
Quarto frio e vazio!
Procura inefável dum amor perdido,
Fui por aí
Como filho pródigo
Semeei
O que não devia
Colhi o que não queria
Da vida que vivi
Cantei canções
Sonhei ilusões
Que não colhi
Ora e na hora
Da morte
DESFOLHEI UM MALMEQUER
Desfolhei um malmequer
Sem saber o que fazia
Uma é minha,
Outra é tua
E outra quem diria
Era de quem apanhar
Afinal eram tuas
As penas a desfolhar
ROSAS
Rosas são flores!
São de todas as cores.
Há rosas cor-de-rosa
Rosas brancas
Rosas vermelhas
Rosas chá!
E vejam lá
Até há rosa-choque!
Para mim as rosas
Porque não viver.!?
Como não viver!?
Se estamos rodeados de vidas.
Esbarrando o tempo todo
Vivendo elas
Seja por pouco tempo
Seja para sempre.
Na busca da razão
E achadas em outras vidas
A simples razão de viver
E assim vivida sem razão.
E procurar a certa
Sem nunca ter provado
O gosto da errada
E deixar de viver
O que se tem pra viver
E não sorrir
Cantar
Beijar e como não amar.
Sou imoral ao acordar, não me conformando com o mesmo dia que nasce todo dia. Sou imoral quando me olho no espelho e vejo a mesma cara cansada de sempre. Sou imoral quando vou ao trabalho e recebo uma miséria fazendo o que amo. Sou imoral ao descer o elevador e sentir ódio da senhora que passou sem agradecer minha gentileza. Sou imoral ao achar um cigarro inteiro no chão e fumá-lo sem preocupação. Sou imoral ao não almoçar, pois a comida já está fria e sem gosto. Sou imoral ao passar tardes inteiras nessa modorra chamada quarto.
Meu Fantasma Favorito
TODOS
OS VÉUS
DO MUNDO
NÃO SÃO
DE MIM.
SER
SOU EU
E ESTATUTO
DO CÉU
Na calada da noite um suspiro
uma veste despida, e suada
esperava os meus beijos, tatuada.
E do dorso daquele corpo, retiro
as gotas suadas do desejo
eloquente. – Não pares agora,
multiplica por n o teu beijo
percorre-me o corpo sem demora.
