Minha doce infância em Padre Miguel
Autor: Leandro Yossef on Monday, 27 May 2013
VIRTUDES
Eu tenho poucos medos
E os segredos suficientes
Alguns desejos ardentes
E muitos enganos ledos
Não tenho queixas, eu as invento
Não temo a solidão, só me defendo
No espelho da ilusão me pego vendo
Todas as razões para o acalento
Eu tenho tolos e belos erros
E os silêncios gritados
Alguns prazeres citados
Nos insaciáveis versos que escrevo
Eu vejo o horizonte escurecer e o chão sumir
Em pó o sonho ao vento se espalha
Uma dor estranha no peito que já falha
Incandesce esse cruel punhal a me ferir
Basta um olhar assim sem freio
Feito de desejo, admiração e verso
Que encharcado de desilusão confesso
É loucura acreditar que de tanto te amar, me odeio
Vejo ser ilusão minha armadura
Minha fortaleza é sombra e solidão
Se nela pensava refugiar-me da emoção
Aprisiono-me ao céu da tua loucura
Tenho a alma repleta de sonhos
Tenho os olhos cheios de mar
Vivo como um encantado a voar
Sobre os silêncios de olhares castanhos
Tenho um canto desafiador
Um incansável viajar secreto
Um impossível desejo modesto
De ser causa e efeito no amor
Tenho o caminhar deserto
Entre espinhos, traumas e flores
Entre carinhos, dogmas e dores
Um caminho de infinito coberto
Dos batuques tribais soam vidas
Nos quintais abissais do universo
Sons e ritmos surreais viram versos
Nos mangues das almas vencidas
E começa a batalha contra a sina
Nas ruelas e becos do horror
Noite infinda em seu esplendor
Triste sorte que aos loucos fascina
Nos caminhos dos heróis imaturos
Os seres perdidos entre sóis
São linhas de negros anzóis
Construindo desertos futuros
Dos batuques tribais soam vidas
Nos quintais abissais do universo
Sons e ritmos surreais viram versos
Nos mangues das almas vencidas
E começa a batalha contra a sina
Nas ruelas e becos do horror
Noite infinda em seu esplendor
Triste sorte que aos loucos fascina
Nos caminhos dos heróis imaturos
Os seres perdidos entre sóis
São linhas de negros anzóis
Construindo desertos futuros
Ali, viajo em teu contar preciso
Que rasga o horizonte e descortina
Um visual de paz, um paraíso
A violar sem dor tabus e sinas.
Acolá, me despes os pudores repentinos
Com postura de madona invencível
E eu aos teus pés tal qual um menino
Aprisionado à luz de um sonho impossível.
Há certos dias confusos
Que os tempos se misturam
Diversas flâmulas tremulam
Em nossos mundos reclusos
Há certos dias estranhos
Que me pego desistindo
Á luz do existir sumindo
Entre o segredo e o sonho
Há certos dias de cismas
Que sou tarde mesmo cedo
E entre a loucura e o medo
Adormeço sob as cinzas
Há certos dias sem vidas
Que o sol esmaecendo vai
Que o concreto se abstrai
E o irreal se concretiza
Contos os dias que passei
Afogado em sofrimento
Minha dor, esse tormento
De forma subtil superei
Escondido na solidão
Chorei,
Lágrimas derramaram sobre mim
Pensei na morte
Vi-me dentro do caixão
Perdi tudo, pensei no meu fim
Agora,
Que minha dor saciaste
Rejúbilo de alegria
Não me sinto mais um traste
Vivo, sinto e vejo a luz do dia
Não sei que acaso,
ou que anjo raso,
deu-me o sonho que te contarei:
Foi na época em que viajei
e que entre misérias cinzas
e toscas marimbas
vi a mulher que me fez ficar quieto,
na meia distância de longe e de perto
e com a certeza do todo incerto.
Tão cansado de tudo
queria ficar mudo,
mas a paixão chegou
após uma seca de dois anos
e de mais de duzentos planos.
E a amei esperançoso
de que nela estaria o gozo
de uma nova vida nova.