Ser jovem...

Ser jovem é respirar de peito aberto
desejar o incerto
viver sem temer o fim…
É segredar às estrelas
e fugir por entre elas
em caminhos de cetim…
Ser jovem é engolir o mundo
em travos de ganância
porque é tanta a abundância
dessa fome de viver…
é sorrir sem ter razão
escutar o coração
que grita sem se entender…
lágrimas que caiem se esquecem
o futuro se estende na mão
ainda suja de tinta
e das aparas da ilusão…
dos  sonhos vem o sabor
do destino que espreita

Essa angústia...

...

Essa angústia...

Por que esta sede de conhecer,
Se tudo é inútil? Vou morrer.
A vaidade se mistura à esperança,
Serei visto.

Quem sabe a verdade
Me encontre
E nesse encontro
Haja mesmo a alquimia salvadora.

Minha morte
Encontrando a imortalidade.
Este exíguo tempo,
Vida?
Encontrando a eternidade.

MF. do livro Antagonia/E.Juruá

...

Eu sou o poeta do Corpo

Eu sou o poeta do Corpo
e sou o poeta da alma,
as delícias do céu
estão em mim
e os horrores do inferno
estão em mim
- o primeiro eu enxerto
e amplio ao meu redor,
o segundo eu traduzo
em nova língua.

Eu sou o poeta da mulher
tanto quanto o do homem
e digo que tanta grandeza existe
no ser mulher
quanta no ser homem,
e digo que não há nada maior
do que uma mãe de homens.

Manhã

 

Não é verdade que uma vez vivi urna juventude amável, heróica,

fabulosa, digna de gravar-se em páginas de ouro? Incomparável

ventura! Por que crime, por que erro, vim a ser castigado com a

fraqueza de hoje? Vós que pretendeis que os animais solucem de

Dor

 

“ Dor… “

 

Tenho um sentimento, em cada sonho que toco,

Temo o escuridão do quarto, adio a noite que vem,

Arrepio-me por debaixo da pele,

Deixo a voz apertada no Tempo,

Elaboro sonhos antecipados,

Que me aliviem o corpo da dor…

 

O suor do meu corpo navega,

Sobre a minha pele confrontada,

Barcos

Meu coração é um porto abandonado
Que os barcos passam, mas não param nunca;
E buscam, juntos, um novo traçado
Que longe esteja da maré adunca.

O teu amor é um barco sem destino
Que não atraca nunca no meu cais;
E passa longe do meu porto pequenino:
Segue perdido e não volta mais.

O meu olhar longínquo, na esperança
Do teu amor que passa lentamente,
E não atraca no meu coração;

É o cais vazio ao teu barco que encerra
No ancoradouro do meu porto de repente
Uma saudade e uma solidão.

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