Ao Mar (SONETO ANTIGO)

    Ó meu amigo Mar, meu companheiro
    De infancia! dos meus tempos de collegio,
    Quando p'ra vir nadar como um poveiro
    Eu gazeava á lição do mestre-regio!

    Recordas-te de mim, do Anto trigueiro?
    (O contrario seria um sacrilegio)
    Lembras-te ainda d'esse marinheiro
    De boina e de cachimbo? Ó mar protege-o!

    Que tua mão oceanica me ajude,
    Leva-me sempre pelo bom caminho,
    Não me faltes nas horas de afflicção.

*DESPEDIDA AO SOL*

Adeus, adeus, ó Sol! grão moribundo
Tão amado dos mysticos amantes!
Vae dourando inda os ninhos e os mirantes
E os sinceiraes, o Mar, o velho mundo!

Vae! vae! ó astro lyrico! no fundo
Das aguas apagar-te!... Os teus instantes
São curtos, coração largo e profundo!
Mas da minha amargura semelhantes!
E, no entanto, astro de fogo, astro tyrano!
Se a tua chaga é funda, no Oceano
Todo o teu sangue ali podes lavar!...

SALDO

 

Vende-se o que os Judeus não venderam, o que nem a nobreza nem o crime

provaram, o que o amor maldito e a honestidade infernal das massas ignoram;

o que nem a ciência nem o tempo reconhecem;

As vozes restauradas, o despertar fraterno de todas as energias corais e

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