Silhuetas
Autor: Ártemis on Monday, 21 January 2013
Hoje é domingo.
Quanta gente pelas ruas!
É tanta alegria que não dá pra contar...
Até os carros brincam nas esquinas!
E eu aqui querendo dessa magnifica essência me contagiar.
A noite engatinha...
Boceja de sono.
Ninguém na mesa sentou.
Nem encontro, nem beijos.
De novo uma lágrima vulcânica me nocauteou.
O céu pesaroso não furtou sua luz.
E de esperança me falou
Mas, ao amanhecer...
A luz da incerteza outra vez me transpassou.
Tanto luxo pra quê?
Jesus veio ao mundo como um simples Galileu.
Seus amigos eram os pobres,
Os pecadores
Uma pequena classe de judeus.
O mundo antigo não deu valor algum àquele que asseverava ser filho legítimo do Deus dos seus antepassados
E Alves de lhe tratarem com honras...
Externarem-lhe respeito
Tinham-lhe como um impostor, que comungava com os marginalizados.
Mas, a cada dia ele surpreendia.
Era tido no meio dos doutores
Também dos sábios mais importantes de sua época,
Não ha mulher mais pallida e mais fria,
E o seu olhar azul vago e sereno
Faz como o effeito d'um luar ameno
Na sua tez que é morbida e macia.
Como _Levana_... esta mulher sombria
Traz a Morte cruel ao seu aceno,
O Suicidio e a Dôr!... Lembra do Rheno
Um conto, á luz crepuscular do dia.
Por isso eu nunca invejo os seus amantes!
--E em quanto hontem, gabavam seus brilhantes,
No theatro, com vistas fascinadas...
Uma é a forma ideal do triste anjo vencido,
--A outra, a doce luz diaphana da manhã!
E entre ellas chora e diz meu coração perdido:
--Em mim vencerá Deus, ou ganhará Satan!?
Ninguem soletra mais vossos mysterios
Grandes letras da Noute! sem cessar...
Ó tecidos de luz! rios ethereos,
Olhos _azues_ que amolleceis o Mar!...
O que fazeis dispersas pelo ar?!...
E ha que tempos ha já, fogos siderios,
Que ides assim como uns brandões funereos
Que levaes o Deus Padre a sepultar?!
Ha que tempos, dizei!--Ha muitos annos?...
E, com tudo, astros santos, deshumanos,
A vossa luz é sempre clara e egual!
Escrito em 4-3-1914.
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois