CIDADES

 

Que cidades! É um povo para o qual foram montados Apalaches e Líbanos de

sonho! Chalés de cristal e madeira deslizam sobre trilhos e polias invisíveis.

Crateras ancestrais circundadas de colossos e palmeiras de cobre rugem

melodiosamente dentro dos fogos. As festas do amor badalam nos canais

a poesia jamais partirá

Meus pais sempre me diziam:

- filha largue a poesia,

porque você não vai trabalhar

naquele lugar carimbando

todo o dia?

É maravilhoso lá

ouvimos dizer

que os papéis nunca param de chegar

vais poder carimbar

carimbar 

e carimbar

e trabalho jamais vai 

lhe faltar

 

Eu lhes disse com um pouco de dor

pois todo e qualquer um 

deseja aos pais dar orgulho:

- amados pais,

por mais que eu a poesia abandonar

sem ela

não poderei respirar

o silêncio das pedras

 

Não desmereça o tempo
em sua face menos visível
atua o ínfimo

Teu poder absoluto desafia os mares
e teu cálculo impossível
entrega aos céus o meu destino

Todas as pedras me contam algo
até mesmo as pisadas que viveu
quando ainda meninos
subiam nos barcos piratas
e descobriam outros mundos
(tesouros secretos de casas amplas)

Meus austeros passos
derramam meu sangue pelo caminho
 

FANTASMAS DE DOMINGO

As sombras, em penumbras, me envolvem
Numa solidão inquieta e faminta
Em meus vazios bem guardados,
Reduzem o meu dia a sofrimentos...
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Aqui, nesta cama bagunçada
Reflito o caos dos dias sequestrados
Que roubaram-me sem me pedir
Deixando-me assim, em pleno Domingo!
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Sou um fragmento do que já fui
Embriagado com a dor imortal
Que me assombra a todo momento...

O vento e as dunas

Posso comparar os sentimentos como o vento e as dunas da praia, pois os sentimentos vem e vão e  deixam buracos em nossos corações e vemos que lá na frente outra pessoa está com quem ou o que você ama, do mesmo modo é com as dunas, são levadas pelo vento e de pouco a pouco ela diminui e quando percebemos, só existe um buraco e lá na frente, vemos que tem uma duna muito linda como a que estava em nossa frente.

*O DOENTE ROMANTICO*

Eu sei que morrerei, discreta amante,
Antes do inverno vir; mas, lentamente,
Quero morrer á tua luz radiante,
Como os tisicos á luz do sol poente!

Sou romantico assim! O tempo ardente
Das chimeras vae longe! Vão, constante,
Morrerei crendo em ti... e o azul distante
Olhando como um sabio ou um doente!...

--Mas, eu não preso a tarde ensanguentada...
Nem o rumor do Sol!--quero a calada
Noute brumosa junto do Oceano...

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