Esquálidos, Sem Vida, Zumbi.

 

                         Esquálidos, Sem Vida, Zumbi.

                                                            Guel Brasil.

                        Por enquanto, contei dez

                        Morando e vivendo ali; 

                        Vivendo não, morrendo aos poucos

                        Esquálidos, sem vida, iguais zumbis.

                                   Roupas esfarrapadas,

QUANDO AS ANDORINHAS PARTIAM...

_A Cassianno Neves_

Bocca talhada em milagrosas linhas,
A luz augmenta com o seu falar.

Esta manhã um bando de andorinhas
Ia-se embora, atravessava o mar.

Chegou-lhes ás alturas, pela aragem,
Um adeus suave que ella lhes dissera,

--E suspenderam todas a viagem,
Julgando que voltára a primavera...

A súplica do seu olhar

A súplica profunda dos seus olhos,
Denuncia a tua fraqueza interior,
Seu olhar frio e sem ternura irrompe...
As barreiras da bondade.

No âmago dos seus pensamentos,
Há um mosaico de emoções desencontradas,
Fervilhando ardorosamente,
A ponto de submergir nas angústias.

Medos e objeções,
Fazem parte deste rogo,
Um verdadeiro calvário,
A marcar ferozmente a alma.

A sua presença

Assim como a exultação dos pássaros felizes,
Em cada alvorecer radiante e matinal,
Onde a aurora projeta-se na esfera astral,
Seu sorriso aflora, sarando as cicatrizes.

O deslumbre da sua presença imponente,
Atinge um espectro que transcende a lógica,
E em cada evolução sua, simples e metódica,
Deixa marcas de alegria em cada mente.

Frases

"Personifico a poesia como uma fuga de mim mesmo, uma maneira de brincar comigo mesmo, de observar para além das barreiras edificadoras da fortaleza constituída de pedras rígidas e angulares que construí ao meu entorno."
 
"As inquietações do pensamento convergem para o conhecimento, e as inquietações da alma atingem o fugaz sentimento da emoção."

N'UM CONVENTO

Como a agua em funda gruta
    Gotta a gotta filtra e cái,
    Sem saber quem isso escuta
    O que lá por dentro vai:

    Como ao longe incerta e baça
    N'uma igreja alveja a luz,
    Que da lampada esvoaça
    E a vidraça reproduz:

    Mal te vi, moira encantada!
    Mas á luz dos olhos teus
    Murcha a lampada sagrada
    D'um altar do nosso Deus.

    Mal te ouvi, mas as suaves
    Melodias, que te ouvi,
    São mais dôces que as das aves
    Da aldêa onde nasci!

*DEBAIXO D'UMA JANELLA*

A Batalha Reis

FAUSTO E MEPHISTOPHELES

FAUSTO

Nas noutes brancas de lua
É que se abrem as janellas!
Vem vêr meus olhos escuros
A sementeira d'estrellas!

Quem me dera a mim que fosse
Para te poder fallar,
O teu peito uma janella
E o meu amor o luar!

Uma voz (_cantando dentro_)

As estrellas mais brilhantes,
Entre as outras as primeiras,
São os prantos de Maria
E o suor das Oliveiras.

MEPHISTOPHELES (_cantando n'uma guitarra_)

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