A VICTORIA COLONNA

Não sei que ha de divino, força é crêl-o
    N'esses teus olhos d'uma luz tão pura
    Que, ao vêl-os, tive logo por segura
    Aquella paz que é meu constante anhelo.

    Filha de Deus, nossa alma aspira a vêl-o;
    Desprezando caduca formosura,
    Ella, em seu giro eterno, só procura
    A fórma, o typo universal do bello.

    Não póde amar, não deve, uma alma casta
    Fugaz belleza, graça transitoria,
    Coisa que o tempo leva, o tempo gasta.

*MADRIGAL FUNEBRE*

Na mortalha alheia não temos mais que fazer
     Bernardim Ribeiro.

     To die to sleep.
     (Shakspeare)

A ti que os meus ais resumes
Estas quadras dolorosas,
Corpo inundado em perfumes,
E de pomadas cheirosas:

..........................................
..........................................

A mim custa-me a morrer,
--Não por que esta vida valha;
Mas porque sei que heide ter
Teu coração por mortalha.

FOTOGRAFIA: “Casas de Brasileiro”

Casas de Brasileiro é um trabalho de 2008 de Júlio de Matos que já foi apresentado e notado internacionalmente.

Para lá da sua importância de investigação documental, este conjunto de notáveis moradias, chalés ou “manuelzinhos” de emigrantes e torna-viagem portugueses do século XIX e inícios de XX é uma série notável de abordagem estética, muito contemporânea, (planos horizontais, distâncias, ângulos) das mais sugestivas moradias que a elite endinheirada dos brasileiros foi edificando por todo o país.

TEATRO: Quando muito o mínimo

A curiosidade foi o motor de ignição que colocou em movimento At most mere minimum (Quando muito o mínimo), um lugar comum habitado por quatro criadores que arriscaram sair das suas zonas de conforto para expandir a sua visão do mundo.

O ator e encenador Gonçalo Waddington e a atriz Carla Maciel, que em 2011 interpretaram o par central de Rosmersholm de Ibsen, traficaram cumplicidades e dissonâncias com os coreógrafos e bailarinos Sofia Dias e Vítor Roriz, nomes centrais de uma nova geração da dança portuguesa.

Apparição- Á VIRGEM SANTISSIMA

    Pelas espadas que tu tens no peito,
    Pelos teus olhos rôxos de chorar,
    Pelo manto que trazes de astros feito,
    Por esse modo tão lindo de andar;

    Por essa graça e esse suave geito,
    Pelo sorriso (que é de sol e luar)
    Por te ouvir assim sobre o meu leito,
    Por essa voz, baixinho: «Ha-de sarar...»

    Por tantas bençãos que eu sinto n'alma,
    Quando chegando vens, assim tão calma,
    Pela cinta que trazes, côr dos ceus:

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