Estátua Falsa
Autor: Mário de Sá-Carneiro on Sunday, 25 November 2012Só de ouro falso os meus olhos se douram;
	Sou esfinge sem mistério no poente.
	A tristeza das coisas que não foram
	Na minha'alma desceu veladamente.
	Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
	Gomos de luz em treva se misturam.
	As sombras que eu dimano não perduram,
	Como Ontem, para mim, Hoje é distancia.
	Já não estremeço em face do segredo;
	Nada me aloira já, nada me aterra:
	A vida corre sobre mim em guerra,
	E nem sequer um arrepio de mêdo!
