Sem palavras
Autor: Florbela Espanca on Sunday, 18 November 2012Brancas, suaves mãos de irmã
	Que são mais doces que as das rainhas,
	Hão de pousar em tuas mãos, as minhas
	Numa carícia transcendente e vã.
	E a tua boca a divinal manhã
	Que diz as frases com que me acarinhas,
	Há de pousar nas dolorosas linhas
	Da minha boca purpurina e sã.
	Meus olhos hão de olhar teus olhos tristes;
	Só eles te dirão que tu existes
	Dentro de mim num riso d’alvorada!
	E nunca se amará ninguém melhor;
	Tu calando de mim o teu amor,
	Sem que eu nunca do meu te diga nada!...
