MOSAICO-poesias

 

 

Tudo o que eu preciso

está descrito em meu delírio

meu sólido dilúvio

tudo está...

 

Tudo o que eu preciso

está prescrito em minha fórmula

minha sólida medula

tudo está...

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* Fragmento do poema NECESSIDADES, do livro

MOSAICO-poemas

 

by Fernando Antônio Fonseca

 

Travassos Editora-RJ / Brasil (2022)

 

88 pgs.

 

- LIVRO PAPEL: R$ 30,90

 

Não sei o que é beleza

Nossa arte morreu faz tempo
O que sobrou são restos de desalento
Olho um quadro abstrato e vejo vômito
Regurgito o material do quadro insólito

Minha náusea faz parte da obra moderna
A barriga está fria, é a vontade que não se alterna
Excrementos da feiura compõe natureza-morta
A pífia subversão da beleza-morta
Deixaram no caixão velho uma mentira intelectual
Ou talvez eu seja apedeuta e não veja o novo normal?     

No meio de mim

No meio de mim flutua uma prece corroborante e prolixa
Sucinta toda ela se engalana de palavras corteses e profundas
É o retrato da fé que se esgueira no meio de luminescências fecundas
 
No meio de mim o silêncio traduz-se num eco casto, esdrúxulo e gentil
É o axioma matemático onde se multiplica um afago e um olhar de perfil

A árvore cai

Permaneço atrofiado em minha literatura. As raízes dos aforismos não convencem mais as mudas do jardim bem cuidado; as regagens dos parágrafos jocosos não mais hidratam à terra seca da base. Meus troncos estão grunhindo em sons quebradiços como cacos ao chão, e minhas folhas afoitas fugiram dos meus ombros.

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