Amar

Eu amo

Uma pronúncia quase perpétua

Em todos os alfabetos possíveis

O que apetece o coração

Ou que talvez não se acredite

Em flechas desgovernadas

Que persistem

Enlutando a proposta

Dias melhores do porvir !

Enclausurado eu canto

Porque na vida não se admira ,

Nem espanto , nem pranto

Suportar a vida sem encanto

Há prazeres tantos a

Apaziguar !

Uma língua universal se concretizará

E destas

Cada palavra em que me abrigo

E tirado de todo mundo

Traição

O ato mais ignóbil de todos:
confiar o coração ao cirurgião
com seu bisturi sujo de almas.
Higiene precária na lâmina
percutindo, veia por veia;
Ele sova a aura inocente,
em problemas, distrações,
ou indulgências da mente.

Magoa o outro e não liga,
pois, pagaram-lhe o preço
da esperança pouco perdida.

Iblis

Não me rebaixo a vós, sou a queda em ideia, não me curvo em tua opressão. Desobediência me goza nos pecados eternos. Não se enfureça contra teu filho, oh! Pai. Nosso jardim é magnificente: o cheiro doce das pétalas que fraga nossos pulmões, a gota d’água que desliza na bela árvore-da-vida. A firme terra que nos sustenta com a graça da natureza, carregando o peso de aguentar todas as formidáveis criaturas.

Vacuidade

É a vacuidade somente,
só há ela e imperfeição.
Imagine a existência,
após, veja o grande vazio.

Observe a potência chegando,
A forma querendo ser viva;
feito a assombração do breu
rugindo ódio no homem daqui.

A vida jaz; medite agora!
Apenas aceite como é;
o nada natural do todo:
— Da calma para todo o seu fim.

 

Íngreme

Eu guardo a esmeralda
O bem mais valioso que tenho   
Polida na tristeza, e acabada
Nas sujeiras que sustenho.

Impureza que degrada a fonte
Como verniz que fede a madeira
Sou o fétido sem-teto do afronte
Em algoz de tal maneira.

Sem moral, sem nada a declarar
Se preso eu fosse, a pena é liberdade
Estando acorrentado na corrente do negar
Juiz ou réu, indiferente à tal felicidade.

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