A menina e o Livro

Sentada sem preocupação Perto de minha casinha papelão Peguei um livro da minha tia Era velho e pesado passei a ler Percebera que não havia espaço sem reino E não havia reino sem espaço Que tinhas barquinhos água e sal Tinham palavras em lutas que impulsionavam a Nau Tinha homens em lutas Tinham reinos em lutas Tantas labutas epopeias homéricas Deixei o livro na sala e fui brincar com minhas borboletas Batizei uma delas de lusíadas o nome do livro da tia O livro era velho e pesado as borboletas não a são Pois não havia espaço sem reino e reino sem espaço E lusíada minha borboleta preenchia

CEARÁ

Sonoplastia dos cavalos dos deuses produzidas por uma banda de música agreste monolíticas paisagens compõem cenários por essa trilha por esse caminho a dentro arbustos ao meu lado, pedras galhos secos foi o tempo o vento que escupiu em escala quase musicas foi a poesia musica do zumbido do ar nas penas do carcará O balanço oculto do terremoto mexeu o duro cristalino Alicerces de sapatas gigantes, pousou de pé na pedra um leve bem-te-vi Que violou em rompante um pequeno sossego Umbuzeiros e cipós amarelados em harmonia, um anu alma de gato canta No silencio do chão de cascalho.

Pássaro mudo

Não sabia cantar o canto metálico do uirapuru Sabia ouvir pousado em um galho finissimamente onírico De longe o se põe a escutar Não sabia cantar o canto sintético do uirapuru Sabias voar rasante e tocar a barriga no espelho d’água Provocava uma ressonância quieta silenciosa Não sabia cantar o sinfônico canto do uirapuru Mas sabia ouvir e reverberar outros sons Sabias ficar quieto perto e distante ou mesmo tempo em outras palavras discreto, escreve roteiros com um olhar suave ele está longe e perto descansa em fulgores eternos.

SOM CORRIDO A CAVALO

A língua do bardo amolou a lâmina Que cortou o vento
Cipós e sons ao vento
Raízes no solo ao vento
A língua do bardo é uma raiz profunda
Acionou palavras de comando para um corcel selvagem, 
No dorso pintas brancas de luz ,
Corre ligeiro cavalo indômito 
Leva a música e lira do bardo medonho
Bardo gordo que matou a fome do povo
Festa de coisas gordas, a pedra o bardo a lâmina
 Tudo foi musical 
mesmo a lira parada sem movimento 

A DANÇA

Obrigado por me conceder mais uma Dança por cima do Caos medo e desesperança No crepúsculo que encidi sobre as longarinas velhas , peita o vento em suaves espumas na Ponte metálica , corais corroídos me revelam medo da morte. Obrigado pequena menina por mas uma dança por não se deixar morrer Gritos coletivos orações em uníssono Agradeço pelas orações canções e monções poéticas Seus cabelos já estão sobre meus dedos Seu olhar já é vivido e forte, obrigado por essa dança querida por não me deixares só Saio da tormenta com vontade de tirar coisas boas de mim só para poder dançar com você.

BALANÇO DO MAR

Balanço Do Mar

Um poeta me ensinou a cantar com rimas benditas ,um balanço para lá e para cá Parecia um balanço de rede embaixo de um belo luar Um poeta me ensinou a remar Com a força do calcanhar empurrou barco a dentro para o mar de letras escalonar De belezas inaturas sobre o amor e suas desventuras o poeta me ensinou a remar.

NA PISTAS

Na pista
 
Uma jovem linista buscando Deus no sabor de chicletes alucinógenos,suas tatuagens são bonitas .
Pega seu ônibus na esquina de cidades primas, o Recife me anima,gosto de lá tenho amigos por lá
Imaculada paixão canta os pássaros de Jaboatão.
Doce busca Finita,pardais ancorados em muros cinzas perto da pista.

O DICIPULO RAIVOSO

O discípulo raivoso
 
A fonte de inspiração que me seduz, mas quem carrega a carcaça  de baixo da luz sou eu.
Andando em Londres no frio e chaminé com um capuz mas quem sente o frio sou eu.
Toda a bagagem do conhecimento mas minhas pernas travadas no cimento.
Estou sorrindo por dentro mas minha pele secando ao vento.
Já não quero esperar rasgo todos os livros, você comemora em uma página em branco.
Leio a lição mas cansado quem dorme sou eu.

QUADRO

Vem girando em uma aguarela aínda líquida de vapor fino, Arte estonteante entre meus dois olhos Eu lírico dos tambores sem percussão versos sem sons cão que ladra na esquina abana o rabo e depois te morde com fome de verbos e Letras que me prende em presas caninas, assim se pintou o quadro geral..

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