Quadro disforme

Detestei amar àquela donzela
Coração pinta a aquarela
Gotejamento de tinta fulcral
Que respinga quadro surreal
Angústia disforma a beleza
Sangue lacrimal escorre pureza
Mausoléu de paixão lacrada
Enterrada a obra enleada
Vendido ao amor bulício
O trabalho puramente exício

Soneto ao Anjo de Grief

Os anjos da noite adormecem em tristezas
Da conformidade das pequenas criaturas
Em trazer nascituros às suas impurezas
As folhas dos túmulos jazem em brumas

Alogia da natureza no arvorecer do luto
O funeral da carne é célebre por dor
Perpétua lágrima escorre de mais um viúvo
Sua amada perece no puro amargor

Homenagem a ela acorda do soporífero sono os senhores
Em suas monotonias eles se impressionam com a obra
O toque de perfeição é finalizado pelos dedos de fulgor

Brisa de Agosto

Cálido vento de Agosto,
Feito brisa pelo ar,
Acaricia-te o rosto
Como se o fosse beijar.

Sinto ciúmes do vento.
Efectiva os meus desejos,
De poder em todo o tempo
Acariciar-te com beijos.

Ciúmes, vagas tontices,
O vento não sente amor,
Quando ele te faz meiguices,
Não é o próprio, o autor.

Porque no vento escondido,
Sem asas, posso voar
E na sua aura cingido
Sou eu que te vou beijar.

A flor do mundo

Certeza de fidelidade
Como o fogo e sua fiel chama
Dentro do coração a lealdade
Do mortal e sua fria fama

Mulher nobre criatura, bela flor
Uma só carne, feliz homem, a abrigou
Doces lábios têm um sublime sabor
O Criador que com grande poder criou

Beleza estonteante e atos de humildade
Obra prima, torre forte de espiritualidade
Musa benfazeja como flor de alecrim

Olhos que caminham com olhar santo
Não derrame sobre mim um triste canto
Pois será do homem pecador, tristeza fim.

Inconstancia

Cantar alegria ,arder sempre o mesmo desejo, antes da lucidez !
Amor,é mais que corpos incendiar
blackout e euforia, inconstância do amor?
nuvens escuras anunciam provável chuva!
Mas comunga teus lábios com os meus por favor,
antes da dor amanhecer corrosiva
Vamos fazer desta vida uma bela
pintura ,
Moldura, que se alinha a inconstante
euforia.

Triste partida

Triste realidade,
Queria que fosse ilusão,
Vais deixar muita saudade,
Neste meu pequeno coração.
Foste colega e amiga,
Alguém que nunca vou esquecer,
Esta perda me castiga,
Dor de enlouquecer.
Descansa em paz,
Na minha memória para sempre.
Pelo menos agora, não sofrerás.
Mas,sou incapaz de estar alegre.
Obrigadíssima,
Ser deslumbrante,
Cuida de nós daí de cima,
Minha estrela brilhante.

Poema dedicado à minha amiga Conceição Vieira, descansa em paz.

Minha Pandemia

Minha Pandemia

 

É recheada de horas mortas sem lugar para as enterrar.

Fico à deriva de falar com alguém mesmo que seja numa tela.

Que nem dá para ver direito os olhos!

Visto que eles dançam como estivessem na chuva perco o assunto… entristeço… de saudade!

 Quero abraçar os meus filhos, os meus netos.

Quero a viver!

Sinto-me amordaçada, sem hipótese de revoltas.

Amor e não guerras, protestos que marcaram a minha adolescência.

Sem sol na quadra de vôlei. Nem filosofias no boteco.

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