Esquecê-lo-ei

Embrutece-lo-ia no alvorada de um certo dia.
Embrutece-lo-ia com o choro do que não sentia
Embrutece-lo-ia num castelo beira-mar
Embrutece-lo-ia numa república voraz
 
Esquecê-lo-ei pus me a brindar
Esquecê-lo-ei sentido-ausente, capataz
Esquecê-lo-ei nas tormentas do 'tudo-nada'
Esquecê-lo-ei nos discursos a propagar
 
Mas tudo, enfim, chega ao início
No fim do percurso ou de um ciclo
Embrutece-lo-ia esquecê-lo-ei!

AMO TUDO

Amo o silêncio 
Amo a luz que me ilumina
O sol que me aquece
O orvalho que se aninha nos abraços
Amo as coloridas flores do jardim
Amo o silêncio que me cerca
Amo a vida por onde me leva
Amo o canto dos pássaros
O perfume da manhã
Amo a terra que me há-de cobrir o corpo
A relva fresca que me tapará
Amo a chuva, lágrimas no deleite meu.

POR ENTRE

Entre uma porta e outra
Se esconde um sentimento sem fim
Uma dor que dilacera sem cor
Num sombrio vazio 
De desesperados encantos escritos 
Num verso sem dor
Mundo triste entre a saudade 
Que vai sentindo dentro das letras
Que formam palavras no espaço do silêncio

NUMA FOLHA

 
Numa folha de papel um suspiro
É nas palavras que pintas um sorriso
E saboreias cada letra, cada palavra
Numa sinfonia de cores que se eleva
Em cada instante que o sol renasce
Nas páginas da vida que se vai escrevendo
Palavras já esquecidas, páginas em branco
De tantas lágrimas derramadas de amor, dor
Poemas esquecidos de alguém, para alguém
Como um gelado coração pisa o seu caminho 
Sem perder o sentido da vida, de viver ou sonhar.

REFLEXO

Reflexo das folhas 
Sou uma alma perdida 
Sombra do que desejas ter 
Em que o meu sangue 
É a tinta com que escrevo
Um grão de areia perdido 
Na praia de algum sonhar
Um triste viver em que me atrevo
Num rosto desconhecido 
Que tu já viste ao passar 
Delírios da mente de ontem
Delicias nos devaneios de hoje
Daquilo que afinal à vida tanto devo
Palavras de palmilhados caminhos.

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