Para além do por do sol

Para além do por do sol

 

No lado de lá do horizonte

Há um sol que beija o mar

O céu, reina calmo e sereno

Conjugando o verbo amar

A todo instante uma nova emoção

Uma réstia de sol caminha tranquila

Minha alma se curva em adoração

Leve brisa que passa serena

Um momento de grande admiração

Ao fundo, sombreados de laranja e vermelho

Dignos de tamanha contemplação

Aos poucos, o céu, veste o véu da escuridão

Para que a lua possa revelar seu brilho

Mãos de poeta

Mãos de poeta

 

Revelam cores de sentimentos

Constroem castelos sobre o mar

Imaginam um outro céu

Em horas incertas

Mãos de poeta

Têm o céu traçado na linha da vida

Mãos de ternura orvalhada

Que escrevem sobre o por do sol

E amanhecem frias quando surge a aurora

Mãos de poeta

Escrevem metáforas de um sonhar

Transformam montanhas

Num sublime verso

E em cada verso travam sementes

Que lançam em água límpida

Transformando as palavras num rio de prata

Detalhes

Detalhes

 

 

Pequenos gestos e caricias

silêncios velados

Calor da alma

Em cada suspiro, nasce a inspiração

Na simplicidade do vento

Voam fragmentos de cartas

Onde foram lidas as entrelinhas

E esmiuçados todos os detalhes

De uma poesia inventada.

No eco de antigas palavras

A poesia silencia os medos

E desenvolve a inteligência do coração

E é nos pequenos detalhes

No ondular das ondas do mar

Que as almas enamoradas se encontram

Compasso do amor

Compasso do amor

 

O doce mel

Rodopia por entre os versos

Ao ritmo de uma paixão

Momento delicado de duas almas

Em subtil dedicação.

A poesia faz-se presente

E alinha sentimentos

Em total veneração.

Neste compasso do amor

Há jardins perfumados

Onde chilreiam os pássaros

Em corações apaixonados.

Compasso do amor

Que embriaga corações sensíveis

De carinho galanteador

Incendeia o Brilho do olhar

E a um ritmo cardíaco descompassado

Homenagem singela

Homenagem singela

 

A ti, Flor mulher

Que me batizaste e acompanhaste

Ao longo da estrada da vida

Foste o exemplo de mulher batalhadora

Perfumaste a viagem

Desta existência tão complicada

Com teu sentido de humor

Tão genuíno como o de meu pai

Hoje, senti saudades tuas

Sinto que foste superior

Na arte de amar

Com tuas mãos em forma de pétalas

Acariciaste as filhas que geraste

Com amor, até na tua tão precoce demência

Foste escrava submissa na dor silenciosa

Grito de alerta

Grito de alerta

 

O meu grito tem como arma a poesia

No horizonte longínquo voam os pássaros

Apelando para as lágrimas contidas

Neste dia cinzento com cheiro a maresia

Minha voz clama amor

Ouvidos não me querem escutar

Meu mundo está deserto

Sinto frio… tenho calor

Meu grito está no reflexo da minha alma

De poema a poema,

Vai desfiando o avesso das palavras

Que tu não queres escutar

E o poema nasce da pétala

Da flor entristecida no silencio do verso que não lês

Fim de tarde

Fim de tarde

 

Uma réstia de sol caminha tranquila

Abençoando a terra

Fim da tarde, o céu ganha novo tom

Escurece os montes e vales

Exalando a vida e o seu dom

Antes da chegada da noite

Borboletas esvoaçam serenas

Sobre as flores no jardim.

A brisa suave se entranha

Trazendo o seu aroma a jasmim

Sombras lilases vagueiam no céu

São saudades ecoadas pelo ar

Palavras que ficaram por dizer

Inspiração de quem sabe amar

E o sol se despede ao entardecer

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