Amor

A Dama da Noite (Fragmentos)

Arfando enrugada ela estava.
Anódina de corpo; abatida
Veterana nos cardápios da vida!
Todos os cabelos bem branquinhos.
Era um ser caroável ao desejar algo,
Mas na mesma medida
Raivoso, quando odiava à âmago!
 
Tinha lá as suas crises respiratórias
Eram quatro estações por dia!...
Tinha que se estar preparado!
Para as mudas de rosa, primaveres... 
E para as folhas prostradas do outono
 

Jornal Da Nossa Vida

Um dia, velhinho,
Somente no poder
Da recordação
Lerás um jornalzinho...
Antigo e repleto
De reportagens
De sorrisos
De viagens (à serviço)
De lugares
De pessoas
De palavras diversas!...
 
Verás o quão importante fora
Tudo isso!...
Folhearás suas páginas, com a lembrança
E reviverás deslumbre por deslumbre
De cada uma das suas histórias e momentos...
Bons e ruins

Hoje Sim!

Hoje sim!
Hoje ela passou a tarde
Toda agarrada em mim!...
 
Mesmo ar!
Debaixo dos cobertores
Longe de todas as dores
Mesmo ar!
Sim...
Passou o dia agarrada em mim!
 
Não, eu não estava em mim!
Estava em outra dimensão:
Uma confusão!
(De mim... Dela...)
Eu... Ela... Beijos, olhares
Que ela faz com profissão...
Tudo isso, num colchão

Sou Pai!

Que momento gratífico!
Vejo o meu filho de sangue nos braços.
Encosto nele sem um dia ter o visto antes...
Ele têm uma manchinha na perna esquerda!
A mesma que o meu avô paterno tinha.
Vontade de ter um massagame e dar tudo do bom e do melhor para ele!...
Essa situação financeira me massacra!
Pois quero viver e eu não posso...
Mas sou pai, e um dia vou ser avô.
Nestas folhas, todas mérito do meu mergulho.

Eu Lembro De Cada Instante!

Flores sim, eu me lembro
No campo onde jogávamos bola.
Naquele tempo, um banho de chuva no parcão
De família feliz. Eu nem dava bola!
Enriquecido de alegrias.
Tanta gente! Era tanta folia!
Nos sábados todo mundo vinha...
Comemorava e jogava cartas.
E açava uma carne assistindo ao noticiário
Aos programas do domingo. 
Maionese e pão com alho...
E na cadeira ocupada, 
Aquela época é que era boa

Utensílios

Dez centavos;
Uma colher suja;
Um pente; lixas de unha...
Uma pomada aberta...
Uma garrfa d'água...
Uma tesoura, um calendário...
Papel higiênico, uma escova de dentes e um perfume. 
 
Perfume que não volta nunca mais.
 
20 . 07 . 2014

Espetáculos Nunca Morrem!...

Se meu coração está aqui, nesse papel, ainda
Muito embora é de um certo modo, forte.
Porque já fui eletrocutado com a morte,
Com os choques da realidade, e permaneço atado (seu).
Permaneço fiel ao nosso conto em meio ao caos.
Se o nosso olhar ainda se cruza por aí (aqui)
Se eu ainda te acho linda com batom vermelho
E eficaz, mais do que qualquer remédio,
Para o meu dia-a-dia ocioso de tédio...
Se meu corpo ainda junta no teu

Tenho O Apego Suficiente

São coisas de que tenho apego suficiente
E me sinto entrelaçado
(O secreto que era meu, já foi todo anunciado.)
São as minhas coisas sagradas.
Tenho o apego suficiente
Não são material
Fazem parte do legado:
Das ideias...
Das vivências...
Da busca pela ideologia perfeita...
 
Dessas coisas todas que falo...
Tenho o apego suficiente!
Minha mão vive cheia de calos

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