Desilusão

PERDIDA

PERDIDA

 

Olho o negro inverno, da minha janela

A natureza pálida, triste, húmida e fria

Árvores despidas de troncos espessos

Caem lágrimas dos meus olhos

Neste nefasto dia chuvoso

Murmuro palavras ao vento

 

Sinto presos nos dedos

Todos os meus medos

 

Sinto a alma nua e tudo a doer por dentro

O coração apertado

Neste tédio que me devora os sentidos

Sinto-me morrer

Nesta saudade de tudo e de nada

O cigarro é o meu vício, o meu ópio

 

Tristeza e Inverdade

Tristeza e inverdade

Leva embora a alegria

Pois nas tramas da cidade

Sobrevive a hipocrisia

 

Não existe a felicidade

Neste tempo de incerteza

Pois quem olha com clareza

Não enxerga mais beleza

Em tamanha crueldade

 

Não há mais com o que sonhar

Só me resta então o amor

Que me faz acreditar

Que somente pela dor

Se constrói a liberdade

SEM RUMO

SEM RUMO

 

De olhos presos na noite

Deixando as minhas pegadas

Caminho sobre a terra nua

Neste chão íngreme e cansado

 

Vestida de nostalgias

Diante de um céu sem lua

Perdida nas asas de uma gaivota

Sem destino ou direcção

 

O tempo perdeu-se

Na memória martelam ecos do passado

No peito uma dor que me dilacera a alma

 

No brilho dos meus olhos desfocados

Em soluços entrecortados

Encostada à janela da solidão

Aprisionada a um cálice de dor

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