Desilusão

UMA PIPA SEM UM RUMO E SEM LINHA (Luc Ramos)

 

 

Uma pipa sem um rumo e sem linha

(Luc Ramos)

 

 

Não sei por que desde menino

O destino me põe a prova assim

Quando estou curtindo uma boa,

Logo depois vem pra mim algo ruim.

 

Passo uns tempos sem problemas

Tudo certo e nada errado

Minha vida num esquema

De rotina e sossegado.

Nada.

O nada dentro de mim

Nada mais é do que um

Nada.

                      

Poderia nadar nesse nada sem fim

Mas de nada adiantaria,

Nada.

          

Nada jamais me satisfaz

Satisfazer o jamais de um nada

Pra nada?

              

Poderia derramar os meus olhos,

Mas pra quê adentrar nesses jogos?

Que jogados, destroem minha alegria

E amarram-se a mim, poderia?

RITO DE AMOR E MORTE

 

Se não digo, calo!

E alimento a vida dos que nada tem a dizer.

Inércia, anti-desejo, morte.

O dia amanheceu com uma imensa vontade de fazer a barba

e sentir a fria navalha pintar o rubro sangue no rosto.

Pulsa o coração nos pulsos,

explode e grita ao mundo o que quer dizer.

Sem razão para se fazer existir

E deixar o fluxo menstrual

lavar a alma dos hipócritas

e sangrar, sangrar, sangrar

até preencher os vazios.

E o amor?

Talvez esteja incontido na morte.

 

E.

MESSALINA

Lindos cabelos anelados
Louros entre o médio e avelã
Como auréola da santidade cristã
Pobre vida pagã entre festins e orgias de Baco.

Ao submundo Messalina descestes
Aprimorando teu corpo no calor do sexo
E introduzida a infâmia por vários mecenas
Nas alcovas de muitos fora a comida e bebida predileta.

Cláudio, teu marido, e de toda Roma Imperador
De tua fama, doce meretriz, sabia e corno como se sentia.

Quero ir...

 

“ Quero ir…”

 

Deixei o tempo para lá…

Sem sequer o percorrer,

Na ampulheta do Tempo parei.

Acordei no lado de cá…

Senti o cheiro nauseabundo,

Da agonia do Mundo trajado,

Na peça que representa a Vida,

No júri que decide sentado…

Deixei o tempo para lá,

Quis morrer sem existir,

Rua de lagrimas

RUA DE TERRA DURA, TERRA VERMELHA...
RUA ONDE BRINCAVA À INFANCIA
DE POÇAS DÀGUA E AREIA BRANCA
VIU-ME FELIZ, HOJE VE MINHA TRISTEZA...
 
RUA DE LUA CLARA, COISA DE BELEZA RARA!
CHEIRO DE TERRA MOLHADA,  AH MINHA RUA...
ESTEVE PRESENTE, EM TUDO QUE A VIDA
DEU-ME E ME TIROU
 
FOI TESTEMUNHA DA MINHA JUVENTUDE E MOCIDADE
DOS BEIJOS QUE NA PENUMBRA EU ROUBAVA
QUE NA INOCENCIA DAS MENINAS EU AMAVA
VIVIA O AMOR E A FELICIDADE
 
RUA QUE JA EQUILIBROU BEBADOS
E ABRIGOU DESABRIGADOS

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