Fantasia

Reticências...

 

“ Reticências “

 

Sublinho, pontuo, analiso… Escrevo,

Dança a caneta, no papel,

Da minha Alma, forneço a tinta,

E em cada palavra, o toque do pincel…

Voz que grita em cada frase,

Dor que sinto, no seu conteúdo,

Num ponto final, angustia caída,

Tristeza numa vírgula esbatida…

Guardo segredos, entre parênteses,

Sonhos...

 

“ Sonhos… Apenas Sonhos “

 

Inequivocamente o vazio, ausente do corpo,

Que adormeceu na noite, que jazz no silêncio,

Irreflectido da consciência, espelho da Alma…

No ego, no ser, na consequência do nada,

Tão leve na intenção, por vezes deturpada,

Tão obscuro na sua essência,

Na resposta não dada…

Sobrevoa a mente, anestesia a Alma,

Vazio

 

“ Vazio… “

 

Quem ouvirá o vento urrante,

Como folhas de florestas,

As brancas rochas rosnando,

Na luz brilhando,

Na lua caindo…

Um corpo de vela,

A tempestade murmurando,

O abismo movendo?

 

Quem ouvirá a voz delirante,

Sem pressa caindo,

Na agonia, no desespero,

Estilhaços na mente

 

Estilhaços na mente… “

Estilhaços de mente, debaixo do néon,

Perfuram-me a Alma, numa dança estonteante,

Percorrem labirintos, que só eu conheço,

Numa inconsequente sonolência,

Numa lágrima escondida… em pesadelos suados,

Enquanto os meus sonhos aguardam,

Dilaceram a noite acordada,

Camuflam o ego na doçura,

Escondem o corpo rasgado,

Reflexão

 

“ Reflexão… “

Hoje, estou prostrado,

Numa inquietude amarga,

Num vazio, tão inerente,

Que não consigo afastar…

Hoje, deixei passar a vida,

Indiferente na sua vontade,

E, em tudo o que lhe pertence…

Hoje, não quis sequer ir em frente,

Olhar o caminhar dessa gente,

Que não faz parte de mim…

Alma embriagada

 

“ Alma embriagada…”

Delineie a vida, encarcerado na sombra,

Bebendo o desconforto, de uma mente exorcizada,

Arrancada da Alma, num momento errante,

Que trespassa o tempo no cosmos,

No meu olhar distanciado…

Anseio no ego, a utopia da paz,

Na morte elaborada,

E, de uma forma desconhecida,

Tento sair sem mais nada,

Retorno

 

“ Retorno…”

Anestesiei a mente, deixei o ego na alma,

E num surto de raiva, escondi o ódio na dor,

Criei um espaço cá dentro, tranquei-me, fui por aí,

Caminhei no sentido, procurei por mim,

E no vazio que me resta, tombam a alma e o espirito,

Tapam-me na noite indigesta,

No gelo que teima em dormir,

Negam o sono tranquilo,

Pensamento que voa

 

“ Pensamento que voa…”

 

Solto, tão leve e transparente,

No intuito, ou na consciência,

Na vontade, ou no arrependimento,

Tu, que vives fora e dentro,

Não dormes por um momento,

Existes no infinito,

Danças em rodopios, que na alma ficam para sempre,

Rasgas olhares que não vêem,

Entras, sais, por um momento,

Viajante

 

“ Viajante…”

Como seguir, sem as estrelas, nuas…

Despidas do cosmos presente,

Na imensidão constante,

Na profundidade e incerteza…

Onde me coloco? Em que ponto?

No presente, no instante, na existência do espaço,

Na impotência, na ignorância, na crueldade,

Na eloquência…

Na inexactidão do espaço,

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