Fantasia

Guardiões do tempo

GUARDIÕES DO TEMPO

Tu és o guardião do tempo,
Cobres ao meu lado esses gritos
De estandarte ao vento,
Lanças a ponte entre nós e a tormenta
No teu relógio sem horas profanas
A mágica alquimia dos ritos
Soam como um lamento expirado
Ronronando na tarde pardacenta.

O Sonho da Borboleta

Sobre o sol poente que desliza

Num horizonte onde se vê vagalume

Asas ebúrneas bailam na brisa

Salta margaridas e girassois a borboleta

Insetos menores a fitam com azedume

Das terras onde nascem violetas.

 

Do gracejo que assoma em sua dança

Sobra a liberdade que as flores colhem

Para saciar outrora ânsia...

Mal sabem que os tantos gracejos

Encoberto pelo dourado dos polens

Habita um secreto desejo.

 

Fracos, porém firmes e frequentes 

O bater das asas amolece o ritmo

PERFIL NA MADRUGADA

PERFIL NA MADRUGADA
 
Quero o reflexo do brilho na vidraça
Quero seu rosto em mil espelhos refletidos
Pra que tudo tenha sentido
E nada fique pra depois se explicar
Espero a neblina que revela
O brilho da luz que vem bem atrás
Da esperança que já não existe
Do sol que não quer mais se deixar ver
Com vergonha dos pensamentos obscenos
Que os ratos espalham na madrugada
Só quem anda a esmo nas noites frias
É que conhece a verdadeira história
E o começo de tudo que se mostra

O DRAMA DE NARCISO

O DRAMA DE NARCISO
 
Narciso acha feio o que não é espelho
Mas o espelho não reflete o que Narciso é.
Narciso se ama...se adora... se endeusa
E entra dentro de si
 
Narciso é o reflexo do outro
Narciso beija em outro
Seu corpo...seus seios...seu sexo
E se reflete no espelho
que mostra o outro que não é Narciso,
Mas é o seu reflexo no espelho
Narciso e o outro são um só...
 

As brumas que nunca vi

As brumas que nunca vi

Estou perdido, sem luz.

Tenho medo do desconhecido.

As tecnologias me irritam.

Procuro poesias.

Cartas de amor me fascinam.

Enviar-lhe-ei um buque de flores

Admiramos as estrelas.

Aquela é tua, aquela é minha.

Somos seres invisíveis na escuridão.

Olhe, a lua decidiu nos contemplar.

A nuvem negra já passou.

A lua nos ilumina, saímos da escuridão.

Ó, grandiosa és tua beleza.

Realçada, exacerbada pelo luar.

Os teus cabelos oscilam com o vento.

Em meu intimo

Em Meu Intimo

Os cães ladram lá fora

A solidão me atormenta aqui dentro

O ranger da velha arvore me assusta

Sentimentos confusos estão em minha mente

O amor se disfarça de ódio

A tristeza em felicidade

A ternura em maldade

A mentira em verdade

Tudo está confuso.

Metamorfoses ininterruptas do meu ser

As lembranças que quero esquecer

Por que não param?

Estou cansado

Preciso encontrar uma saída

Estou num túnel negrume, frio, fétido.

E minha luz, onde estás?

O CASAMENTO DA LUA

Em uma noite profunda e tenebrosa
nos braços do desvario,
o pobre moço co`a alma suspirosa
olhou p`ro céu e sorriu.

Após anos namorando os vagos passos
de sua noiva silente,
ele queria unir-se com fortes laços
à lua lucipotente.

Tremia muito em seu peito delirante
o coração cheio d`ânsia;
e ele esperava aquele festivo instante,
qual um presente na infância.

O negro céu era o altar; a cerimônia
da noite na sala escura
tinha sua mãe numa chorosa insônia,
por sua triste loucura.

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