Geral

Vem do rio, minha alma cantando

Olhos

Espetados em mim como navalhas.

A ferro e fogo

Destruo o que me consome

E nas chamas derrubo

O que me engole.

Em tristes passos cansados

Corro um trilho anguloso

E de braços desarmados

Ignoro o que até hoje aprendi!

Não é solução

Nem tão pouco evasão

É sim um pedaço de mim

Que pede libertação

E a correr deslargo tudo

E me ausento por um segundo

Vem do rio, minha alma cantando

É onda firme, triunfando!

Vou deixar a minha terra

Vou amar meu novo ser

Imortalidade

E se a morte de súbito, se suicidasse?

Quem, neste mundo, iria
Estabelecer a contínua ordem da vida?
Ficaríamos da mortalidade, desprovidos

Vivendo no ócio de nunca morrer.
Nossas peles enjelhariam-se, formando fendas negras onde
Milhares de bactérias se deleitavam
Nossos olhos seriam dois pontos clandestinos sob
Frias e cansadas pálpebras
Nossos membros cairiam despedaçados,
derrotados perante a irrelevância temporal.

Nu e Cru

Nu e Cru

 

Brincadeiras íntimas espontâneas expõem cumplicidade, amizade, confiança e entrega total. Amantes se dão, se mostram, se tocam, se lambem, se sentem. Pedem para repetir tal brincadeira íntima sem falar nada, só gestos. É o jeito, é o gesto, é uma troca de olhares, é o pedir mais, sentindo mais, e ficando mais nu e cru.

 

Charles Silva – Textos

A ilusão do Tempo

A ilusão do Tempo

 

Tardes que nunca terminaram enfeitam dias infindáveis. Ponteiros digitais não contam o tempo, porque o próprio tempo não se permite envelhecer no próximo instante. A ilusão que se convenciona como fenômeno natural. A ilusão que não acredita nem mesmo nela, pois, por ser falsa, a ilusão do tempo está presente apenas no momento que já passou, e não pode ser constatada no próximo instante.

 

Charles Silva

charleshenrysilva@hotmail.com

Apenas Um Louco

Apenas um Louco...

Passo por passo, 
Passo bem perto, 
Negro e deserto, 
Tudo vejo, não te enxergo 

Via por via, 
Torta é a trilha, 
Muralhas de pedras, 
Separam as vidas 

Longe, tão longe, 
Tão perto os sonhos, 
Ruas tão cinzas, 
Cálices de fogo 

Medo de mim, 
Nas tuas mãos o medo, 
Se é tarde ou cedo? 
Não sei, tento de novo 

Prá sentir teu perfume, 
Dia a dia enlouqueço, 
Trancado que estou, 
Como pássaro raro 

Pages