Geral

Paixão

Peito calcificado por danos,
A fenda separada por cacos.
Do sulco abra-se o medo,
Separado da paixão em ledo.
Amor, paixão ou loucura,
Três luzes na soltura.
Um chamado alternativo,
Reflete o desejo abdutivo.
Preso na escolha perpétua:
Tentar ou voar como libélula?
Ao tempo fico grudado,
Mas tão perto separado.

Germe

Das profundas amarguras o germe veio te buscar
Um parasita infernal que do lixo subiu ao seu altar.
Em palavras bonitas ele consegue te conquistar,
A beleza dele te fez estrangular
Qualquer resquício de sensatez.
Do sublime à mixaria, ele dilacerou sua mesquinhez:
Sua vida agora permanece no perene alívio,
Uma oração sem resposta, apenas seu suplício.

As cinzas que te ferem

Volto das cinzas regentes,
As estelares poeiras torrentes
Verão meu resplendor belo.
Pois, tantas vezes ao inferno,
Cansa até o anjo mais leal.
Minha sujeira incomodará
Seu cômodo, encardirá
O pesado sono.
Não haverá verniz na madeira,
Serei seu capim na maqueira,
E minhas mãos chamarão
Nas ardentes chamas,
O seu pesadelo mais comum.

Pisando em ovos

Pisaste em mim como quem
Pisa em ovos
Rachaduras em meu peito
Causam mais feridas a ti
Achaste que se livraria da dor?
Sou a gema a escorrer dos dedos
Sou o prejuízo que enfrentará
Mais do que isso: sou chão
Que pisas nas noites frias,
Nos restos das cascas do teu
Pequeno eu.    

 

Pages