Geral

Exercícios de futilidade

Humanidade que regressa a cada dia 
Sacode seu aterro na impureza do ar
O lixo intoxica a pele de todos
Apodrece as virtudes então perdidas
O fedor deixa a santidade fenecendo
Nas entrelinhas de um pecado eterno
Abençoado seja o homem tão mal 
Pelejando contra a morte, mesmo 
Radicalizando-a diariamente 
Oh! Deuses de minha história 
Fitando o ser e sua sorte 
Marasmos por todo horizonte
O olho seráfico é míope

Descargas

Podem ser elétricas

Ou descargas emocionais

Até das fossas sépticas

Que dão descargas nasais

 

Podem ser do autoclismo

Ou descargas de dopamina

Das hormonas do organismo

Da hormona de endorfina

 

Há a lâmpada de descarga

Nos porões vai a bagagem

Do leito do rio que alarga

Asséptico

Gostaria de voltar a ser asséptico, resguardar minha pureza nas plumas tão belas. Hoje o vento me viola, e a lua cheia fita meu fracasso. Percorri terrenos tão azuis, pareciam quimeras de sonhos juvenis; hoje a escuridão estrelada decai o vigor que havia em outrora. Fui limpo um dia, mas hoje, sujo; impuro, cheio de vermes perscrutando meus órgãos: a cada segundo minhas entranhas são devoradas por decadências até ontem estranhas. 

Ir

Vai? Imperativo: serve para mandar,

Para seduzir, ser sugestão, orientar,

Querer que seja feito, apontar, ajudar,

Condicionar, manipular, influenciar.

 

Cada um vê, lê, entende sem querer,

Sente-se bem, persuadido sem saber,

Interpreta assim a sua forma de ser

E pensa que, quiçá, isso é viver.

 

Quando ir não é simplesmente ir,

Mas sim tudo o que parece existir.

Descrever-se é, tantas vezes, fingir

Que há mais para fazer que sentir.

 

Que venha cada um ser um leitor,

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