Geral

Meu pobre amigo! Sempre silencioso!

    Meu pobre amigo! Sempre silencioso!
    Assim eu fui. Scismava, lia, lia...
    Mudei no entanto de Philosophia.
    Não creio em nada! e fui tão religioso!

    Tomei parte no Exercito gloriozo
    Que foi bater-se por Israel, um dia!
    Cri no Amor, no Bem, na Virgem Maria,
    Não creio em nada! tudo é mentirozo!

    Não vale a pena amar e ser amado,
    Nem ter filhos d'um seio de mulher
    Que ainda nos vêm fazer mais desgraçado!

*IDYLLIO TRISTE*

(A Léon de La vega)

Olha! sinto-me exhausto
Pomba da minha vida!
Eu serei o teu Fausto,
Sê minha Margarida!

Deixa que o alegre ria
Alma que me estremeces!
Que ruja fóra a orgia
Os prantos, as _kermesses_!

Vamos a colher rosas,
Rola dos meus carinhos!
Pelos brancos caminhos
Nas noutes luminosas!

Sob esta curva azul
Amemos, bem amada!
Na torre levantada
Que gema o rei de Thule!

*NOUTES DE CHUVA*

Eu não sei, ó meu bem, cheio de graças!
Se tu amas no Outomno--já sem rosas!--
A longa e lenta chuva nas vidraças,
E as noutes glaciaes e pluviosas!

N'essas noutes sem luz, que--visionarios--
Temos chymeras misticas, celestes,
E scismamos nos pobres solitarios
Que tiritam debaixo dos cyprestes!

Que evocamos os liricos passados,
As chymeras, e as horas infelizes,
Os velhos casos tristes olvidados,--
E os mortos corações sob as raizes!

Antes de partir

    Varios Poetas vieram á Madeira
    (Pela fama que tem) a ares do Mar:
    Uns p'ra, breve, voltarem á lareira,
    Outros, ai d'elles! para aqui ficar.

    Esta ilha é Portugal, mesma é a bandeira,
    Morrer n'esta ilha não deve custar,
    Mas para mim sempre é terra extrangeira,
    Á minha patria quero, emfim, voltar.

    Ilhas amadas! Ceu cheio de luas!
    Ah como é triste andar por essas ruas,
    Pallido, de olhos grandes, a tossir!

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