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Ha vinte annos já, que andas na Terra

    Ha vinte annos já, que andas na Terra,
    Ha vinte dias só, que te conheço!
    Eu andava perdido pela serra,
    E o que eu era então, já não pareço.

    Ha vinte dias só que te conheço,
    Ó meu beijo de Luz! minha Chymera!
    És a Graça de Deus (com qu'estremeço)
    Talvez, o que no mundo, inda me espera.

    Sonho da minh'alma! Ó meu ceu d'estio!
    Pois não tens piedade d'este frio
    Que sinto em mim, na minha solidão!

FRANCISCA DE RIMINI

 Disse eu então: poeta, vês aquelles,
    Abraçados, velozes como o vento?
    Desejava poder fallar com elles.

    --Chamando-os com enternecimento,
    Em cá passando mais do nosso lado,
    São dois amantes, lograrás o intento.

    Assim que o vento os aproxima, brado:
    Oh almas d'uma eterna anciedade,
    Vinde fallar-me, se vos isso é dado.

    Como um casal de pombas, com saudade
    Do ninho, vem no ar, d'aza espalmada,
    Não mais que por impulso da vontade;

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