O pastor amoroso perdeu o cajado
Autor: Alberto Caeiro on Wednesday, 2 January 2013
Escrito em 10-7-1930.
O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
Escrito em 10-7-1930.
O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
Terra seca
terra quieta
de noites
imensas.
(Vento na oliveira,
vento na serra.)
Terra
velha
do candil
e da pena.
Terra
das fundas cisternas.
Terra
da morte sem olhos
e as flechas.
(Vento dos caminhos.
Brisa nas alamedas.)
Sem Saída. (Cordel)
Guel Brasil.
Nas terras onde eu morava
Lá nas brenhas do sertão,
A fome era companheira
Era...
Guel Brasil.
O mundo está caminhando para sua odisséia final. Agora o tempo está curto, e os humanos mais abastados que poderiam fazer alguma coisa para evitar a catástrofe vindoura, nada fazem; os Países desenvolvidos que fazem parte do primeiro mundo, projetam e pintam eventos das mais variadas formas, talvez pensando eles que estes acontecimentos surgirão em pontos isolados.
Acreditaram os romanticos que a arte residia principalmente na
disformidade. Se atravez das proprias dores descessem ás profundas
realidades da vida, teriam observado que... o viver do povo encerra
em si uma poesia sagrada. Sentil-a e mostral-a não é tarefa de
machinista; para tal, não é necessario juntar-lhe effeitos
theatraes.
... O que é preciso é ter olhos para vêr na sombra, na pequenez e
na humildade, é um coração que auxilie a vista nestes recessos do
lar, nestas sombras de Rembrandt.
Ha muitos sonhos de imaginação,
De mera phantasia:
Outros, que são a voz da prophecia,
A voz da intuição,
A voz do coração.
Pões fé em sonhos taes, Maria?... Pões?
E fazes bem, que ás vezes
Sonha a gente venturas e revezes,
Que se tornam depois
Bem certos! Ouve pois: