A vida vista por mim
Autor: Falcão Nostalgico on Monday, 23 March 2015Sociedade de hoje em dia
Sociedade de hoje em dia
Poder da Mente
Mistura-se o real com o imaginário,
Extenso tapete desenrola-se na pista
E tudo o que se funde parece niilista
Perante um cotidiano consuetudinário.
O pensamento atrofia-se, parece ilógico,
Criam-se nuances que se mesclam sutis
Dentre raciocínios ininteligíveis e imbecis
Que se tocam e se viciam como o tóxico.
Este torpe cenário cada dia se agiganta
E a inverdade que nada tem de santa
Engana, distribuindo utópicos chocolates...
Percebo que o tempo aprisiona meus sonhos
E meu pensamento é refém de minha agonia,
Estou num cativeiro onde é a alma que alumia
A solidão encarcerada do mundo enfadonho.
Minha tela mental parece um rascunho sem giz,
Totalmente isenta de rabiscos que me fazem ser,
Vagueio num sono branco sem me reconhecer
E desperto num ambiente sem saber do que fiz.
O raciocínio é entravado num cosmos sem nada,
A consciência batalha para lembrar o pretérito,
Contudo mergulha num redemoinho frenético
A ilusão dos imortais
Morre no mesmo instante
Em que o tempo enterra ideais
Para guardar em seus anais
O destino cruel das horas mansas.
Herdeiros? Onde estamos?
Onde não estamos? A vida
É um sepulcro talhado, é vulto,
Mas quando a sombra aparece
Envolta em retalhos de luz
Tem-se a certeza de que se vive
E doce é o néctar desta sensação.
Eu me curvo diante deste imenso vazio,
Eu me turvo perante meu olhar arredio
Que me faz singrar hipóteses ao vento
E escalar o escuro sem ressentimento.
Eu me tosto pelo sol da manhã cinzenta,
Eu me enrosco onde a saudade se assenta
Dissertando a lápis na solidão que maltrata
O escape felino do beijo cítrico da mulata.
Eu me lavo das barbáries do sonho tímido
E me cravo os pregos que me deixam lívido
Sob o calor que apetece o brilho da estrela...
Agora cai a água das nuvens,
O solo árido é o cálice que a recebe,
A terra seca então se depura
E sementes alimentam a verve.
Bebe-se da umidade um aroma em flor
E em taça de cristal o mel da redenção
Que mitiga a sede e a sacia a fome
Dum mundo que sofre estiagem no coração.
No chão fulvo surgem os primeiros brotos
E no augúrio das mentes varre-se o lodo
Da infertilidade que sentenciou os campos...
Tempos novos... Há nas árvores o incenso