Navegar
Autor: Mónica Silva on Monday, 16 June 2014E navegava eu, na calma dos mares
Faltavam-me as palavras, não haviam olhares
Havia uma ausência de ti
E eu não pertencia ali
E navegava eu, na calma dos mares
Faltavam-me as palavras, não haviam olhares
Havia uma ausência de ti
E eu não pertencia ali
Sento-me à mesa
E tu estrelas o ovo enquanto eu encho o copo com água
Não me rebentes o ovo!
E contas coisas que te preocupam
Como os Homens que são maus
(Eu sou Homem – falas tu de mim?
Ou falas numa generalização hipotética? –
Tu bem sabes que há Homens que não são assim!)
Tem-me atenção ao ovo!
Abano a cabeça que sim
Porque contradizer a tua ideia é chamar-te à atenção
É dizer que estás errada, que não é assim como dizes
(E isso não se diz a uma Mãe!)
A pena pega-me a ânsia.
O descontrolo afasta este modo de viver descompassado.
Como se fosse irreal ou impróprio.
Nós não deixaríamos pois não?
Por mais que se tente - e eu tento, juro que tento.
Tento ver o sol na pradaria,
Estes sons de laranja e vermelho.
Que me aquecem o pêlo num acordo suave eterno
Entre tudo o que é ar, tudo o que é água e terra.
Tudo é harmonia.
E na alma, mais nada se ouve.
É um silêncio tão puro e tão grave.
Não quebra, não dói.
O Impossivel não passa de mais uma forma de você dizer que está com medo de descobrir que tem coragem.
Dois pontos.
É o que basta para o equilíbrio:
Entre o apoio e o lançamento,
Entre a voz e o pensamento;
Entre a mente e a mão,
Entre a loucura e a solução;
Dois pontos.
É o que basta para a harmonia:
Da imagem na tela,
Da música na orquestra;
Da água na nascente,
Do Sol no poente;
Dois pontos.
É o que basta na divisão:
Nos ponteiros do relógio,
No movimento e no ócio;
Entre o que eu posso e o que eu quero,
Entre o que eu faço e o que eu espero;
Uma pessoa que faz trabalhos manuais dolorosos, vez após outra,
no início, fica com as mãos todas doridas,
com marcas do trabalho, calejadas, ...
Isso a longo prazo ajuda, pois passamos a não sentir dor alguma!
De certa forma, o ser humano é igual,
por quantos mais problemas passa, mais insensível se torna,
o que para mim tem o seu lado bom e o seu lado mau.
O lado bom é que o torna mais forte e nem qualquer coisa o afeta;
o lado mau é pode passar a ser insensível a tudo, ou seja,
Num mundo distante,
há todo o tipo de animais:
uns domésticos, outros selvagens,
mas todos existem.
Mas existe um, que é exclusivo,
mas não tem amigos,
pois é o único da sua espécie.
Por isso, embora rodeado de animais,
sente-se afastado, posto de parte.
É como se o mundo tivesse sido injusto,
pois não lhe permitiu ter uma vida normal.
Alguns disponibilizam-se para o ajudar,
mas ele, por vezes, simplesmente os afasta.
Não é por mal, mas não sabe como reagir.
Não se sente compreendido,
A poesia tem o seu lugar,
O seu caminho diante de todo olhar.
A poesia tem opinião,
A razão de vida do seu coração.
De viver intensamente,
Com a mente e a alma presente.
A poesia tem a sua conquista,
De quem nunca te perde de vista.
A poesia tem a sua verdade,
Numa fundamental amizade.
A poesia manda eu te dizer,
Que o melhor da vida esta no saber.
O que é o mundo se não o ser?
O que é viver se não amar?
Grande solidão da vida,
assim você me faz?
Qual o sentido da discórdia?
Qual o sentido do existir?
Se apenas vivemos para estar,
por que deveriamos não morrer?