Prosa Poética

Voltar no tempo

Decifra-me se puderes
 
encontra-me neste poema
 
tantas vezes reescrito
 
onde mergulho cada palavra
 
no tempo infiel e proscrito
 
 
Reserva-me todos os murmúrios
 
onde transformamos gargalhadas
 
em versos de prazer inédito
 
alimentando o sinédrio dos meus
 
juízos tão itinerários e frenéticos
 
 

Indumentária furtiva

Recordo tudo com a memória
 
vinculada em mim
 
Engaveto saudades em prateleiras
 
disponíveis no passar dos tempos
 
 
Faculto à liberdade todas as
 
algemas onde imponho
 
cada presídio cativo dentro de mim
 
Deixo pra outros uma
 
parcela de futuro
 
onde não cabe mais
 
a centelha de tempo passado

Cidade celestial

Para lá de todas
 
as fantasias dormitando
 
entre celestiais coreografias
 
do tempo
 
submergem felizes
 
os ventos gratinando a vida
 
que brada veemente
 
em tons e matizes coloridas
 
de esplendor
 
consumindo a brevidade
 
e as longas horas
 
em que respiro cada revelação
 

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