Prosa Poética

Geyser, está lua cheia

Chegados e vestidos de preto, nós sentados em veludo vermelho a média luz com os dourados e pretos a reluzir à nossa frente. Ao mesmo tempo que pousei a minha mão sobre a tua, a música iniciou o seu rito. Rapidamente o espaço magicou e se transformou. Água e luz, a minha pele sentiu. Hmm.. Gelei, no momento em que o folgo do trompete se esvaziara. Tariituutariiitaa… Continuava.. talvez. Deixei de o ouvir.

Voltar a casa

E se perdêssemos brevemente
 
a noção das horas
 
onde nos unimos heróicos
 
confundindo nossas
 
travessuras embutidas
 
em actos míticos
 
de amor desatinado
 
frenético, isotérico
 
desfraldado em tempo
 
solitariamente paranóico
 
 
E se nós emprestássemos
 
ao mundo nosso oásis

Não estou vendo a hora

Não estou vendo a hora
 
pra te cobiçar
 
toda
 
desfragmentada sem penhora
 
em laivos embebidos em tantos
 
vestigios de pujante alegria inventada
 
qual metáfora desertora
 
 
Não estou venho a hora
 
de te agitar palpitante
 
cobrar-te excitante
 
todos os beijos que multiplicámos

Coube a mim

Coube a mim essa
 
porção de saudade
 
colhida em unanimidade
 
quando sustento e personifico
 
teus beijos em rasgos de amor
 
e voracidade
 
 
Amadureci a paciência
 
que tempero noite e dia
 
mal se deite a lua por teus
 
raios empolgada
 
Coube a mim
 
imaginar-te assim

Barco

Começo por sofrer de ter visões e não as tenho.

Visagens, viagens, vertigens, passam. Por que não?

Coisas e terras que antes não me havia passado,

Nem pelo meu lado de fora.

Afinal, o que se passa quando por acaso algo por alguém passa?

Com ou sem ti...

Ensinaste-me todas as regras
 
do amor
 
atraíste-me em artes enamoradas
 
deste verbo romântico onde
 
repousam minhas flagrantes
 
emoções passionais
 
possuíste-me inteira
 
sem metades inventadas
 
nem arrependimentos ressarcidos
 
nesta vida tão fugás e passageira
 
 
Desembarcámos livres
 

Sede Infinita

Jaz ali inerte
 
em quarto crescente
 
expectante
 
essa lua
 
desfolhada em mil raios de luz
 
que roubei à noite cintilante
 
procurando afectos extravagantes
 
elucidativos deste meu mundo fulgurante
 
impregnado de doações ilimitadas de
 
de carinho flamejante
 
 
Senti só no corpo
 

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