Prosa Poética

Céus perdidos

Quando eu souber
 
acreditar
 
que foi esta inspiração
 
sôfrega
 
que assim nos uniu
 
cegamente desafiando
 
razões ou pareceres
 
abrigados em tantas
 
das nossas felizes maluquices
 
descansarei então finalmente
 
meus medos
 
secretamente arrumados na escrivaninha
 

Formato do meu coração

Retoquei todos os sentidos
 
configurados em cada pensamento
 
doado em uníssono
 
sem tempo
 
nem duração efémera
 
onde formatamos apaixonados
 
nossos corações
 
arregalando os olhos ansiosos
 
e loucamente trajados
 
de recíprocidades tão graciosas
 
 
Falei devagarinho
 

Em vigília

Quis sentir
 
o gosto apaladado
 
nesse teu jeito voluntário
 
com que me embriagas espontânea
 
tão plena e solidária
 
 
Quis repartir
 
dois tempos de mim
 
em breves momentos em que
 
me cinjo aleatório aos teus
 
mágicos sorrisos
 
que me ofertas
 
em pedaços solitários de amor

O céu chorou

Vacilei no dia
 
enquanto esperava
 
só amar-te em cada detalhe
 
aperfeiçoado em dádivas
 
que o corpo suplicante mordia
 
 
Embrenhei-me em ti
 
acossado exepcionalmente
 
ao mudo verso que penetra
 
provocante em tuas searas
 
padecidas
 
machucadas
 
que desta luz mortiça

Fascinação

Consolei-me em tuas
 
tardes enfeitadas
 
de sortidos afectos
 
escorrendo o tempo na ampulheta
 
onde demarcamos a cronologia
 
copiosa dos nossos insurrectos desejos
 
 
Contentei-me descrente
 
ante os desafios de começar
 
ou recomeçar
 
dividindo esperanças indiferentes
 
autenticando toda a promessa

Geyser, está lua cheia

Chegados e vestidos de preto, nós sentados em veludo vermelho a média luz com os dourados e pretos a reluzir à nossa frente. Ao mesmo tempo que pousei a minha mão sobre a tua, a música iniciou o seu rito. Rapidamente o espaço magicou e se transformou. Água e luz, a minha pele sentiu. Hmm.. Gelei, no momento em que o folgo do trompete se esvaziara. Tariituutariiitaa… Continuava.. talvez. Deixei de o ouvir.

Pages