Prosa Poética

Amanhecer a oriente

Por viagens e atalhos
 
discretos
 
percorro em silêncios
 
toda a migração indubitável
 
dos meus selectos instintos
 
acato vagamente teus olhares
 
em mares orientais oriundos
 
da balsâmica e refulgente luz
 
com que divagamos nosso amor
 
ao luar
 
descansando entre as clareiras
 

Descompasso

Descompasso no tempo
 
relevo no vento que disfarça
 
tua sedução em suspiros de
 
longanimidade inusitada
 
 
Descompasso
 
na luz que improvisa
 
todas as formas da
 
já longa escuridão
 
onde tua doçura simples
 
suavisa os silêncios perfumados
 
num longo abraço em dias
 

Tridimensional

Em canto porque
 
assim a vida em mim existe
 
e por cada instante se ali
 
te visse
 
atravessava até as noites
 
pra te curar de manhã
 
com beijos repletos de tanto amor
 
 
Em canto porque
 
assim permaneço em verso
 
defronte do teu indisfarçável elogio
 
faço até ponte
 

Água viva

A água triste
 
cai velando o ser
 
já sem luz em lenta
 
combustão
 
por ver morrer-me o coração
 
e ninguém aqui tão perto
 
chegou empunhando
 
o estandarte onde narro
 
cada viagem por tantos oceanos
 
navegados
 
mil outras memórias em cada
 
olhar agasalhado
 

Negro canto

Saíu meu negro canto
 
no segredo
 
de um nome sem eco
 
com seu sorriso pronto
 
a contornar meu tédio na
 
quietude caudalosa
 
de tanta formosura
 
como teu sorrido desperto
 
assim me cerca gentil
 
abraça e encoberta
 
 
 
O olhar
 
olha-me então nublado
 

Faz de conta...

Sei que não houve nenhum erro,
 
nenhum desacerto,
 
e agora nem dei conta que
 
ainda tudo ou nada recomeçou,
 
como o sol assim nasceu,
 
e nunca mais além se pôs
 
assim a lua por fim seus raios
 
contornou
 
em memoráveis lampejos
 
desta incalculável luminosidade
 
que te afaga e inebria
 

Retratos do silêncio

- Cede-me a lua nocturna
 
implora-me quantas vezes
 
o eco da leda e fragrante
 
madrugada
 
tão breve assim enamorada
 
se anunciar
 
 
 
– E caso eu pudesse
 
imaginar no presságio do teu olhar
 
cada feliz encontro que o amor
 
em si deixa abreviar
 
ficava aqui
 

Tempo esquecido

Como triste marinheiro
 
nas vagas ondulantes
 
à bolina navego
 
sem tempo,no tempo
 
de em cada oceano por  ti
 
deixar sempre a amor navegar
 
 
 
– No tempo esquecido
 
teus rubros lábios deixarão
 
pra sempre impressos
 
os beijos que ficaram perdidos
 
em delirios calados na
 

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